O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse hoje (4) que as novas medidas restritivas adotadas pela administração municipal são uma forma preventiva de combater a covid-19. Afirmou que não houve registro de aumento de casos, nem de óbitos, mas foi identificada uma tendência de alta nos atendimentos na rede de urgência e de emergência de pessoas com síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave, que antecedem a notificação de um caso de covid-19.
Hoje, a prefeitura do Rio publicou nesta quinta-feira decreto com novas medidas de isolamento social para combater a pandemia. Entre elas, figura a proibição de permanência de pessoas em vias e áreas públicas das 23h às 5h. Também foi determinado que bares, lanchonetes e restaurantes devem fechar, para atendimento presencial, a partir das 17h. Esses estabelecimentos só poderão funcionar das 6h às 17h, podendo atender a um número máximo de clientes correspondente a 40% de sua capacidade instalada.
“Essas medidas têm um objetivo principal: evitar que se repita em 2021 o genocídio de 2020, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro”, disse o prefeito, durante a apresentação das novas medidas de restrição e da nona edição do Boletim Epidemiológico, destacando que, em 2020, a capital teve taxas de mortalidade e de letalidade acima de São Paulo, a maior cidade do país e que tem o dobro da população do Rio. Paes afirmou que os dados dos atendimentos, ainda que sem confirmação da contaminação, são os que mais o preocupam. “Quando a gente olha para esse dado aí, ele é um dado que liga um sinal de alerta. É um dado que vem me incomodando e a todos da prefeitura desde o finalzinho da semana passada. Daí eu ter intensificado o debate com os especialistas sobre esse tema. Nosso objetivo é nos antecipar para que possamos manter os números baixos [da doença] que estamos tendo este ano”, garantiu.
Paes afirmou que quatro fatores serviram de base para a adoção das medidas que entram em vigor hoje às 17 horas e vão valer até o fim da próxima quinta-feira (11).
Além dos dados científicos sobre o aumento de atendimentos nas unidades de saúde de pessoas com sintomas da doença, foi considerado o agravamento do cenário que vem ocorrendo no país e, especialmente no entorno, com os estados de Minas Gerais e São Paulo.
Outro fator levado em consideração foi a nota técnica do Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na terça-feira (2), alertando de que, pela primeira vez desde o início da pandemia, foi verificado em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento de casos de covid-19 e óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais.
“Há uma situação nacional que isso possa chegar ao Rio de Janeiro. Ainda não chegou e espero que não chegue” explicou. O quarto fator é a falta de respeito por parte da população às regras sanitárias e medidas restritivas já adotadas para evitar aglomerações, inclusive, com pessoas sem usar máscaras de proteção.
“O que nós vemos, infelizmente, é uma irresponsabilidade”, afirmou Paes, isentando donos de bares e restaurantes, que segundo ele, têm colaborado.
O prefeito contestou a avaliação de que o aumento de atendimentos com sintomas da doença tenha sido provocado especificamente por causa de aglomerações no carnaval, que foi cancelado. Paes voltou a falar que boa parte da população seguiu as orientações de evitar concentrações e citou o fato deste ano não ter ocorrido a apresentação do Cordão da Bola Preta, que costuma reunir um número elevado de foliões. “Não tivemos o Bola Preta, nem [outros] blocos nas ruas. As pessoas colaboraram majoritariamente no carnaval. Algumas desrespeitaram, mas a maioria colaborou”.
Embora o mapa da cidade mostre que Copacabana, na zona sul, seja a única das 33 regiões administrativas a permanecer em risco alto para a doença, na cor laranja, a prefeitura resolveu manter a capital nesta condição com todas as medidas restritivas que já estavam valendo.
O Boletim Epidemiológico costuma ser divulgado às sextas-feiras, mas foi antecipado pela necessidade do anúncio das novas medidas. “Os números positivos que temos em 2021, o que nós queremos é que eles continuem positivos. Daí, a razão de boa parte das restrições que anunciamos hoje”, concluiu o prefeito.
O prefeito do Rio anunciou que as ações para verificar o cumprimento de novas medidas serão analisadas ainda hoje, durante reunião com representantes das forças de segurança do estado, que dão apoio às fiscalizações, e da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop).
“Essas medidas que estamos tomando hoje facilitam a fiscalização do município. Precisamos ter mais capacidade de agir. É muito difícil chegar com as medidas que temos que tomar e fiscalizar. São medidas concretas. Eu vi no domingo quiosques na Lagoa Rodrigo de Freiras, uma vergonha. Ninguém quer fechar quiosques, mas as pessoas estão se aglomerando ”, afirmou.
O prefeito disse que entende as dificuldades causadas pelas medidas restritivas, mas reforçou que elas são necessárias para evitar que a situação se agrave e o município tenha que decretar lockdown (bloqueio total do comércio e outros setores). Afirmou, no entanto, que se não houver alternativa, isso será feito.
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