Na primeira noite de restrições no município do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (5), muitos bares insistiram em desrespeitar o decreto municipal e permaneceram abertos. Embora a maioria dos restaurantes tenha cumprido a determinação de fechar às 17h, sendo que uma liminar de última hora permitiu a abertura até as 20h, um grande número de botecos permaneceu funcionando.
Na zona sul da cidade, a maior parte dos bares e restaurantes cumpriu a determinação e cerrou as portas as 20h. Estabelecimentos da rua Jardim Botânico, frequentados pelo público de maior poder aquisitivo, estavam fechados. Na região conhecida como Baixo Botafogo, os poucos bares que estavam à meia porta abasteciam motos de tele-entregas. Em Ipanema e no Flamengo, bares tradicionais acataram o decreto municipal e fecharam. Apenas em Copacabana, alguns botequins insistiram em funcionar.
Na zona norte, no Boulevard 28 de Setembro, coração boêmio de Vila Isabel, a quase totalidade dos restaurantes e bares fechou as portas. Às 20h30 as calçadas, normalmente cheias de boêmios, estavam escuras e com pessoas voltando para casa ou fazendo compras nos mercados, padarias e farmácias, autorizados a abrir.
A exceção eram os pequenos botecos, lotados de clientes, quase todos aglomerados em torno das pequenas mesas, consumindo bebidas alcoólicas. Nas ruas internas de Vila Isabel, no entorno do Morro dos Macacos, onde dificilmente a fiscalização da prefeitura aparece, até pela possibilidade de confronto com traficantes que dominam a área, os botecos funcionavam normalmente, nem disfarçando, com todas as portas abertas e mesas nas calçadas.
Um fato que confundiu os comerciantes foi a concessão de uma liminar judicial, já no fim da tarde, autorizando os bares a funcionarem até as 20h, ao invés das 17h, como está no decreto municipal. A prefeitura do Rio disse que vai recorrer da decisão.
“De acordo com a Vigilância em Saúde e a Secretaria de Ordem Pública, o horário das 17h, que consta no decreto, foi estabelecido a partir de orientação técnica para diminuir a circulação de pessoas, evitar aglomeração e garantir o distanciamento social. Somente este ano, das 284 infrações sanitárias, mais de 87% foram realizadas no período noturno, evidenciando este ser o horário com mais pontos de aglomeração e descumprimento das regras por parte da população”, se pronunciou a prefeitura em nota.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foi constatado na quinta-feira (4) um aumento de 16% dos casos de atendimento de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave nas unidades de urgência e emergência da cidade, “o que reforça a necessidade de maior rigor nas medidas de proteção à vida”.
* Colaborou Mario Toledo
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