O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que a flexibilização das medidas restritivas no Rio de Janeiro, que entra em vigor neste sábado (24) e vai até 3 de maio, é uma transição gradual de retomada das atividades, em que é preciso ter muita cautela. O decreto com as medidas de flexibilização foi publicado nesta segunda-feira (23) no Diário Oficial do Município e, segundo Soranz, mantém a recomendação de se evitarem aglomerações e exposições desnecessárias. Se houver desrespeito, a prefeitura poderá recuar, disse.
O decreto inclui a liberação da prática de atividades físicas individuais e coletivas em praças, parques, praias e vias do município, de segunda a sexta-feira. A liberação vale também para espaços de uso comum em áreas particulares, inclusive quando orientadas por profissionais de educação física, desde que não se gerem aglomerações e que se respeitem medidas como o uso de máscaras faciais e o distanciamento social. Como o decreto entra em vigor amanhã, e a restrição continua para os fins de semana, a circulação nesses locais só será autorizada segunda-feira (26). A permanência nas praias continua proibida, mas os estacionamentos na orla foram liberados para todos os dias.
“Os espaços abertos e as áreas de exercício físico são essenciais para manter as pessoas saudáveis, mas é uma transição. Se houver qualquer tipo de aglomeração em bares, restaurantes e áreas de lazer, teremos que retroceder. Fica o nosso pedido para que a população use essas áreas com responsabilidade", disse Soranz, que sugeriu o Aterro do Flamengo para a prática de esportes e de atividades físicas individuais. "Se virmos piqueniques, aglomerações, pessoas proporcionando festas, obrigatoriamente, teremos que retroceder e fechar novamente essas áreas, que são importantes para atividades físicas, mas precisam ser usadas com parcimônia”, ressaltou o secretário, durante a apresentação do 16º Boletim Epidemiológico.
O secretário municipal de Fazenda, Pedro Paulo, destacou que as áreas de lazer na orla de Copacabana e Ipanema e do Leblon continuarão fechadas nos fins de semana, porque a equipe de saúde teme que possa ocorrer transferência de pessoas que estão nas praias e resultar em aglomeração. No entanto, para a área de lazer no Aterro do Flamengo, o entendimento foi outro, diante das suas características. “Uma observação feita pela Secretaria de Saúde é que não há problema em abrir aquela área de lazer, e até é bom que as pessoas se exercitem ao ar livre”, informou Pedro Paulo no mesmo evento.
Nas academias estão permitidas aulas coletivas para até quatro pessoas, mantendo-se a restrição da ocupação total. As feiras de artes vão voltar a funcionar em qualquer dia da semana, respeitadas as regras de distanciamento e protocolos de proteção à vida já determinados.
Os bares, lanchonetes e restaurantes poderão funcionar até as 22h, com uma hora de tolerância. “A gente manteve a restrição do horário de término, mas o de início passa a funcionar de acordo com cada atividade”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões.
Com a liberação do horário de início das atividades de comércio e serviços, acabou o esquema de escalonamento adotado para reduzir as aglomerações nos transportes públicos. “O escalonamento contribuiu para diminuição e controle dos casos, como se tem visto pelos números, mas o transporte é um desafio que envolve não só a cidade, mas o estado também”, ressaltou Bulhões. Ele acrescentou que está sendo negociada uma composição com os trens e o metrô para reduzir as aglomerações nos transportes públicos.
Pedro Paulo lembrou que, quando o escalonamento começou, a prefeitura iniciava a intervenção no sistema de ônibus do BRT. Segundo ele, no fim do mandato anterior do prefeito Eduardo Paes, havia 400 ônibus, mas a atual administração encontrou o sistema com cerca de 120. A intenção é dobrar o número de ônibus até setembro. “Só com a reorganização das estações e a disponibilidade de ônibus, ainda que não sejam articulados, já deu muito mais fluidez ao sistema de BRT. Imaginamos que, mesmo retirando esse escalonamento do horário, as aglomerações não voltarão. Vamos monitorar isso e, se for necessário, voltamos ao escalonamento.”
O secretário de Fazenda destacou ainda que as mudanças nas liberações foram feitas com base na análise de números que mostravam diminuição na procura por atendimentos nas unidades de urgência e emergência. “Ainda que se mantenham em cerca de 1.400, 1.500 o número de pacientes internados com coronavírus, temos uma diminuição muito grande da fila de espera [por vagas]. Chegamos ao pico dessa terceira onda com 700, 800 pessoas na espera. Ontem (22) à noite, tínhamos 30 pessoas só à espera por leitos. Há segurança na decisão que a prefeitura toma de calibrar as restrições, de fazer ajustes para permitir que a atividade econômica volte aos poucos a uma nova normalidade”, afirmou.
Para o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Márcio Garcia, não é momento de fazer festa, aglomeração e de aumentar o risco de contaminação. Por isso, continua proibido o funcionamento de estabelecimentos como boates, salões de dança, casas de espetáculos, festas públicas ou particulares, rodas de samba, shows e afins. “Temos quase 5 mil óbitos no ano de 2021, 1.400 pessoas internadas neste momento. Por isso, ainda mantemos essas restrições. São necessárias, e a gente pede, mais uma vez, a colaboração da população.”
Segundo o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, o esquema de fiscalização não parou em nenhum momento, com a Guarda Municipal patrulhando a cidade, atenta aos chamados no telefone 1746 e fazendo ocupações para evitar aglomerações. “O monitoramento de inteligência em relação a festas e eventos clandestinos continua, embora algumas pessoas ainda não tenham entendido a gravidade da situação. Continuamos firmes na fiscalização, interditando eventos, prevenindo aglomerações. E assim seguiremos, sempre pedindo a colaboração das pessoas para cumprirem as medidas”, disse Carnevale.
Conforme os dados da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade do Rio de Janeiro registrou 197 moradores contaminados com variantes do coronavírus. Predomina na cidade a variante P1, mais conhecida como a de Manaus,mas já houve oito identificações da variante B.1.1.7, relacionada ao Reino Unido. Segundo Márcio Garcia, a conclusão é que eles se infectaram na cidade do Rio de Janeiro, não fizeram nenhuma viagem, nem tiveram contato com nenhum viajante no processo de infecção.
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