O Rio de Janeiro inicia hoje (29) a vacinação em massa de toda a população adulta jovem, a partir dos 18 anos, do Conjunto de Favelas da Maré, que ainda não recebeu doses da vacina contra a covid-19. A campanha, que termina no próximo domingo (1º), será feita com o imunizante da AstraZeneca, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A iniciativa integra estudo inédito da Fiocruz para mapear o impacto da vacinação na população da comunidade, tendo em vista as peculiaridades presentes em territórios de favelas e periferias. Os pesquisadores propõem uma avaliação que vai além do levantamento da efetividade direta das vacinas na proteção contra o vírus e suas variantes.
A meta é antecipar a vacinação de 31 mil pessoas. Junto com as demais faixas etárias, que, conforme o calendário do município, já tinham recebido a vacina, elas passam a ser monitoradas por grupos de pesquisa. A efetividade da vacina vai levar em consideração os critérios de idade, sexo, tipo de vacina ministrada, tempo de infecção após a vacinação, tempo até a segunda dose, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos.
O pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo, Fernando Bozza, afirmou que é coisa única fazer o estudo em uma área que tem dimensão populacional superior a 96% dos municípios do país. “Aspectos da doença em si, como a dinâmica de transmissão do vírus no território, a vigilância de suas variantes e o acompanhamento de possíveis efeitos adversos das vacinas serão outros pontos abordados pelo estudo, para além da efetividade da vacina, que é o foco principal”, explicou.
Para a vacinação em massa nos quatro dias, a prefeitura do Rio mobilizou também a subprefeitura do local, a Secretaria Municipal de Educação e toda a rede de 45 escolas da Maré, para garantir a mais ampla cobertura vacinal.
Estarão disponíveis 121 postos de vacinação, incluindo as sete unidades de saúde da comunidade e sedes de associações de moradores. O funcionamento desta quinta-feira a sábado será das 8h às 17h. No domingo, o atendimento vai até as 12h. Pelo menos 1.600 pessoas estão envolvidas.
Os dois primeiros dias serão destinados à vacinação antecipada de adultos jovens entre 18 e 34 anos e, no sábado e domingo, pessoas de outras faixas de idade que ainda não receberam a vacina, bem como a aplicação da segunda dose para quem estiver com o calendário previsto para estes dias. Os pesquisadores estão preocupados com as pessoas que não estão voltando para tomar a segunda dose.
Embora não estejam dentro do público-alvo da imunização, o grupo - composto por crianças e adolescentes - também integra a pesquisa. Segundo o coordenador, é preciso entender se a vacinação em massa da população adulta inibe a circulação do vírus de forma a proteger também as crianças e os adolescentes.
O estudo da Fiocruz é um desdobramento de diversas ações de mobilização social que vêm sendo implementadas na comunidade desde junho de 2020 pelo projeto Conexão Saúde-De Olho na Covid. Esse programa é referência no combate à pandemia em favelas e oferece gratuitamente serviços de testagem, telessaúde e apoio no isolamento domiciliar a pessoas com a doença e foi fundamental para o avanço da pesquisa entre os moradores da Maré.
Com a experiência Conexão Saúde, já foram realizados mais de 27 mil testes diagnósticos, entre sorologia e exames de PCR; 10,5 mil consultas de telessaúde, acompanhamento e apoio para o isolamento domiciliar de mais de mil famílias com pessoas que testaram positivo para a covid-19 e ações de comunicação territorial.
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