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Prefeita de Palmas decide manter vacinação de adolescentes: "não seremos cobaias de um desgoverno" dispara Cinthia

"Em Palmas, continuaremos com a vacina da Pfizer para jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades. Somos a favor da vida e da ciência #VacinaParaTodos", assegurou a prefeita.

17/09/2021 às 09h51 Atualizada em 17/09/2021 às 10h02
Por: Alessandro Ferreira Fonte: Redação | Agência Tocantins
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A prefeita chamou de “desgoverno” as recentes mudanças no Plano Nacional de Imunização (PNI) – Foto: Edu Fortes / Prefeitura de Palmas
A prefeita chamou de “desgoverno” as recentes mudanças no Plano Nacional de Imunização (PNI) – Foto: Edu Fortes / Prefeitura de Palmas

A prefeita da capital do Tocantins, Cinthia Ribeiro (PSDB), criticou duramente a decisão do Ministério da Saúde (MS) de voltar atrás na vacinação contra a covid-19 para adolescentes de 12 aos 17 anos que não tenham comorbidades. A gestora falou em 'desorganização' do Plano Nacional de Imunização (PNI).

"Como assim? O Ministério da Saúde 'agora' recomenda a não vacinarem os adolescentes sem comorbidades? É muita desorganização esse PNI. Toda hora ajustará no meio do caminho 'o que pode ou não pode', sem contar os desafios de lidar com a falta de imunizantes. Tá osso!", desabafou a prefeita.

A nota informativa do Ministério da Saúde, publicada nesta quarta-feira (15), contraria outra recomendação do próprio Ministério que havia previsto a vacinação deste público no início de setembro.

A prefeita disse ainda que a população da capital não será 'cobaia' garantiu que a vacinação de adolescentes sem comorbidades será mantida nesta sexta-feira (17).

"Não seremos 'cobaias' de um desgoverno. Não é justo a confusão, aflição e insegurança geradas em milhares de mães e pais de adolescentes. Em Palmas, continuaremos com a vacina da Pfizer para jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades. Somos a favor da vida e da ciência #VacinaParaTodos", assegurou a prefeita.

Situação em outros municípios

Em Gurupi, o município inicialmente informou que iria manter o cronograma de imunização para adolescentes de 13 anos nesta sexta-feira (17). Durante a noite desta quinta-feira (16), a prefeitura recuou e suspendeu a vacinação dos adolescentes sem comorbidades após nota da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Araguaína informou que aguarda nota técnica do Ministério da Saúde e enquanto não houver comunicado oficial, continuará imunizando jovens dos 12 aos 17 anos.

O que diz a SES

Inicialmente, a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES), classificou a nota como confusa e que a decisão “acerca da paralisação da imunização em menores de 18 anos sem comorbidades, partiu unilateralmente da Secretaria da Covid-19, do Ministério da Saúde (MS)”.

Porém, na tarde desta quinta-feira (16), a SES informou que seguirá o Plano Nacional do Ministério da Saúde e informou que “a vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos, está restrita aos jovens com comorbidades, que apresentem deficiência permanente ou que estejam privados de liberdade”.

O que diz a nota do Ministério?

O Ministério da Saúde publicou uma nota informativa nesta quarta-feira (15) em que volta atrás sobre a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Agora, a orientação do ministério é que este grupo não seja imunizado.

Além disso, em seu recente posicionamento, o Ministério da Saúde destaca ainda que a "maioria dos adolescentes sem comorbidades" não sofre de casos graves da doença, que há "somente um imunizante" avaliado em ensaios clínicos, e que "os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos".

Por fim, o governo ressalta a "redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60% no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por covid-19 nos últimos 60 dias) com melhora do cenário epidemiológico".

O ministério não fez comentários sobre se a decisão tem relação com a falta de imunizantes disponíveis para avançar com o ritmo da vacinação no Brasil.

A vacinação deve ficar restrita a três perfis específicos:

  • adolescentes com deficiência permanente,
  • adolescentes com comorbidades,

e adolescentes que estejam privados de liberdade.

A decisão foi tomada dentro de um contexto de falta de vacinas no país, sobretudo para a segunda dose.

Além disso, o recuo é o segundo na semana: na quarta-feira, após o ministro Marcelo Queiroga dizer que há "excesso de vacinas", o governo voltou atrás e manteve o intervalo de 12 semanas para a segunda dose da vacina AstraZeneca. A previsão era reduzir para 8 semanas neste mês.

Ministério x OMS

O ministério ressalta que os adolescentes sem comorbidades formariam o "último subgrupo elegível para vacinação e somente vigoraria a partir do dia 15 de setembro".

Em uma das suas justificativas para deixar de prever o público amplo, a nota argumenta que a "Organização Mundial de Saúde não recomenda a imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades".

Entretanto, a afirmação não corresponde ao posicionamento da entidade. A OMS afirma que "crianças e adolescentes são menos propensos a ter complicações por causa da doença", mas na sequência não traz indicação contrária: diz apenas que a vacinação ampla deste público é "menos urgente" do que vacinar outros grupos, como pessoas mais velhas, com comorbidades e trabalhadores da saúde.

No Brasil, o imunizante da Pfizer já tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado nesta faixa etária; e, pelo mundo, outras vacinas já são aplicadas em menores de 18 anos.

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