A prefeita da capital do Tocantins, Cinthia Ribeiro (PSDB), criticou duramente a decisão do Ministério da Saúde (MS) de voltar atrás na vacinação contra a covid-19 para adolescentes de 12 aos 17 anos que não tenham comorbidades. A gestora falou em 'desorganização' do Plano Nacional de Imunização (PNI).
"Como assim? O Ministério da Saúde 'agora' recomenda a não vacinarem os adolescentes sem comorbidades? É muita desorganização esse PNI. Toda hora ajustará no meio do caminho 'o que pode ou não pode', sem contar os desafios de lidar com a falta de imunizantes. Tá osso!", desabafou a prefeita.
A nota informativa do Ministério da Saúde, publicada nesta quarta-feira (15), contraria outra recomendação do próprio Ministério que havia previsto a vacinação deste público no início de setembro.
A prefeita disse ainda que a população da capital não será 'cobaia' garantiu que a vacinação de adolescentes sem comorbidades será mantida nesta sexta-feira (17).
"Não seremos 'cobaias' de um desgoverno. Não é justo a confusão, aflição e insegurança geradas em milhares de mães e pais de adolescentes. Em Palmas, continuaremos com a vacina da Pfizer para jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades. Somos a favor da vida e da ciência #VacinaParaTodos", assegurou a prefeita.
Não seremos “cobaias” de um desgoverno. Não é justo a confusão, aflição e insegurança geradas em milhares de mães e pais de adolescentes. Em Palmas, continuaremos com a vacina da #Pfizer p/ jovens de 12 a 17 sem comorbidades. Somos a favor da vida e da ciência #VacinaParaTodos
— Cinthia Ribeiro (@CinthiaCRibeiro) September 16, 2021
Situação em outros municípios
Em Gurupi, o município inicialmente informou que iria manter o cronograma de imunização para adolescentes de 13 anos nesta sexta-feira (17). Durante a noite desta quinta-feira (16), a prefeitura recuou e suspendeu a vacinação dos adolescentes sem comorbidades após nota da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Araguaína informou que aguarda nota técnica do Ministério da Saúde e enquanto não houver comunicado oficial, continuará imunizando jovens dos 12 aos 17 anos.
O que diz a SES
Inicialmente, a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES), classificou a nota como confusa e que a decisão “acerca da paralisação da imunização em menores de 18 anos sem comorbidades, partiu unilateralmente da Secretaria da Covid-19, do Ministério da Saúde (MS)”.
Porém, na tarde desta quinta-feira (16), a SES informou que seguirá o Plano Nacional do Ministério da Saúde e informou que “a vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos, está restrita aos jovens com comorbidades, que apresentem deficiência permanente ou que estejam privados de liberdade”.
O que diz a nota do Ministério?
O Ministério da Saúde publicou uma nota informativa nesta quarta-feira (15) em que volta atrás sobre a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Agora, a orientação do ministério é que este grupo não seja imunizado.
Além disso, em seu recente posicionamento, o Ministério da Saúde destaca ainda que a "maioria dos adolescentes sem comorbidades" não sofre de casos graves da doença, que há "somente um imunizante" avaliado em ensaios clínicos, e que "os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos".
Por fim, o governo ressalta a "redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60% no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por covid-19 nos últimos 60 dias) com melhora do cenário epidemiológico".
O ministério não fez comentários sobre se a decisão tem relação com a falta de imunizantes disponíveis para avançar com o ritmo da vacinação no Brasil.
A vacinação deve ficar restrita a três perfis específicos:
e adolescentes que estejam privados de liberdade.
A decisão foi tomada dentro de um contexto de falta de vacinas no país, sobretudo para a segunda dose.
Além disso, o recuo é o segundo na semana: na quarta-feira, após o ministro Marcelo Queiroga dizer que há "excesso de vacinas", o governo voltou atrás e manteve o intervalo de 12 semanas para a segunda dose da vacina AstraZeneca. A previsão era reduzir para 8 semanas neste mês.
Ministério x OMS
O ministério ressalta que os adolescentes sem comorbidades formariam o "último subgrupo elegível para vacinação e somente vigoraria a partir do dia 15 de setembro".
Em uma das suas justificativas para deixar de prever o público amplo, a nota argumenta que a "Organização Mundial de Saúde não recomenda a imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades".
Entretanto, a afirmação não corresponde ao posicionamento da entidade. A OMS afirma que "crianças e adolescentes são menos propensos a ter complicações por causa da doença", mas na sequência não traz indicação contrária: diz apenas que a vacinação ampla deste público é "menos urgente" do que vacinar outros grupos, como pessoas mais velhas, com comorbidades e trabalhadores da saúde.
No Brasil, o imunizante da Pfizer já tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado nesta faixa etária; e, pelo mundo, outras vacinas já são aplicadas em menores de 18 anos.
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