Com taxa de ocupação das UTIs Covid na casa dos 30%, governo do estado anunciou que vai transformar os leitos em unidades de terapia intensiva convencionais. A mudança também servirá para atender a demanda das cirurgias eletivas que devem voltar no próximo mês. O Tocantins conta com 183 UTIs Covid ativas nesta sexta-feira (17). Dez desses leitos estão em Porto Nacional, onde Silvano era o único paciente internado. Recentemente ele precisou ser transferido pra Palmas.
“Fui surpreendida que ele seria removido para o HGP por motivo de falta de pagamento, falta de insumos e da parte técnica. Nessa transferência ele piorou no quadro até chegar ao destino. É um paciente grave, mas piorou com essa transferência”, contou a irmã dele, Maria do Socorro Pereira de Souza.
O governo do estado admitiu que há atrasos nos repasses por parte do Ministério da Saúde e isso tem causado desequilíbrios nas contas estaduais, mas negou que leitos serão fechados.
O discurso da Secretaria de Estado da Saúde (SES) é que essas UTIs que hoje são destinadas exclusivamente para atender pacientes com Covid-19 sejam gradativamente transformadas em UTIs convencionais nas respectivas cidades onde estão instaladas.
Hoje há leitos de UTI exclusivos para Covid em cinco cidades do estado: Gurupi, Araguaína, Augustinópolis, Porto Nacional e Palmas. Na manhã desta sexta-feira (17), 61 estavam ocupados, o que representa 33% do total em todo o Tocantins.
A queda na taxa de ocupação está entre as principais justificativas da SES para a mudança. "Ontem nós tínhamos 50 pacientes de UTI e 50 pacientes clínicos. Nós já chegamos a ter 570 pacientes internados em todo estado. A redução, graças a Deus, está na faixa de 50% de internação, nesse último mês [...] 41% no número de óbitos. Tivemos em agosto 93 óbitos", afirmou o secretário de Saúde Edgar Tolini, em entrevista à uma emissora de televisão do Tocantins
Segundo o Ministério Público do Tocantins, o aumento no número de UTIs Covid ofertadas no estado aconteceu dentro de uma ação que tratava de leitos de UTI de uma maneira geral, para toda a rede pública tocantinense. Essa ação tem uma sentença que fixa o número mínimo de leitos no estado.
“Por certo que com a redução no número de internações o gestor pode justificar uma alteração no perfil dessas unidades. Todavia, isso deve ser informado nesta ação civil pública e alimentado o portal Integra Saúde e transparência para toda a sociedade”, comentou a promotora Araína Cesárea Ferreira dos Santos D'alessandro.
O anúncio dessa alteração no atendimento veio depois que o estado confirmou que vai voltar a realizar cirurgias eletivas, após quase dois anos de suspensão. A defensoria Pública também está acompanhando essa transição.
"Para retomada das cirurgias eletivas é necessário ter como retaguarda, UTIs. Em alguns casos, necessitam de pós-operatório que seja encaminhado para UTIs convencionais. Em razão disso, para aproveitar a demanda e acelerar as cirurgias é que estão sendo transformadas as UTIs Covid para convencionais", disse o coordenador do núcleo especializado defesa da saúde, Freddy Alejando Solórzano.
Sobre a reclamação do paciente Silvano Pereira de Sousa, a SES afirmou que ele está sob os cuidados da equipe multidisciplinar da UTI Covid do Hospital Geral de Palmas. Também afirmou que por causa do atraso de repasses do governo federal o estado está custeando os leitos do Hospital Regional de Porto Nacional.
A secretaria reforçou que a partir do dia 26 de setembro haverá uma restruturação para transformar os leitos de UTI Covid em convencionais no hospital de Porto, que é referência para 13 municípios.
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