O Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) realizou na noite desta quarta-feira, 22, a primeira captação de coração do estado no mês de setembro, que aliás, é dedicado ao tema da doação de órgãos. Além do coração, foram captados fígado e rins, doados pela família de um homem de 38 anos que foi vítima de atropelamento. Ele deu entrada na unidade no dia 14 de setembro e teve morte encefálica detectada na noite de terça-feira, 21.
O coração, o fígado e um dos rins seguiram do centro cirúrgico do Hugo para pacientes do Distrito Federal. O outro rim foi para um receptor do Pernambuco. O processo foi conduzido pela Organização de Procura de Órgãos (OPO-Hugo) em parceria com a equipe multiprofissional da unidade.
Um time de cirurgiões veio do Distrito Federal em um esquema logístico realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB). A logística utilizada no transporte dos órgãos condiz com a complexidade do processo e a necessidade de uma coordenação que atendesse aos procedimentos, em tempo hábil para uma captação de coração.
Um doador, vários receptores
De acordo com Marcus Jasson, médico captador de rins da Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás, a relevância da captação de órgãos feita na noite de quinta-feira é muito importante “por se tratar de um doador e vários receptores”.
“Todo cuidado deve ser tomado, desde o preparo da evolução do organismo, até que ele esteja apto a fazer a doação, e também a parte dos familiares, quando se concretiza a família doadora, cumprindo-se uma expectativa muito grande de outras famílias que aguardam o recebimento desses órgãos”, descreve o médico.
Jasson explica que é muito interessante poder proporcionar a satisfação de uma família que aguarda o recebimento de um órgão e dar condição para que, no caso, o coração, o fígado e os rins do doador sirvam para substituir órgãos em condições muito precárias. “É muito gratificante saber que de certa forma, é uma maneira de dar vida a outras vidas. A medicina é salvar vidas.”
Segundo o médico captador de rins da Central de Transplantes, só o paciente receptor e a família de quem espera um novo órgão para continuar a vida sabem da real importância do transplante de órgãos. O procedimento, realizado durante o Setembro Verde, de conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, começa pela avaliação dos órgãos que serão doados.
A equipe realiza uma série de exames, avalia a viabilidade de concluir a retirada e o implante daquele órgão, antes de iniciar o processo de transplante. “Cada órgão tem a sua particularidade técnica e de viabilidade. A parte cardíaca tem prioridade pela necessidade de o coração ser retirado e implantado em um intervalo curto de horas. Depois fazemos a retirada da parte hepática (fígado). Em seguida, os rins”, detalha Jasson.
Operação delicada
A doação de coração é uma operação tão delicada que tem um período máximo para ser concluída. Depois da avaliação do órgão pela equipe médica responsável pelo transplante, é feito o clampeamento da aorta, quando a artéria é pinçada. A partir deste momento, o procedimento que começa na retirada do coração do corpo do doador e termina na conclusão da cirurgia de implante no receptor deve ser todo concluído em até quatro horas.
No caso dos rins, esse período pode chegar a até 36 horas sem causar comprometimento do órgão transplantado. Já para o fígado, o limite de horas entre a retirada do corpo do doador e o implante do receptor é de, no máximo, 12 horas.
Para que todo o processo tivesse sucesso, a atuação rápida da equipe após o diagnóstico do paciente foi importante para a preservação dos órgãos. “Durante todo o processo de diagnóstico de morte encefálica, é fundamental a manutenção hemodinâmica do potencial doador para garantir a viabilidade dos órgãos para transplante, caso a família autorize a doação”, explica a enfermeira Nathália Carolyne Correia Mendonça, coordenadora das Organizações de Procura de Órgãos da Secretaria Estadual de Saúde.
De acordo com a enfermeira, após a autorização da doação, inicia-se uma logística para prover os exames necessários. "Inserimos as informações no sistema Nacional de Transplantes, gerenciamos as logísticas de oferta e transporte e, por fim, acontece a remoção dos órgãos doados", afirma Nathália.
Fonte: Secretaria da Saúde (SES/INTS)
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