A cidade do Rio de Janeiro apresenta quedas consistentes nos casos e nos óbitos por covid-19 há dois meses e, há mais de uma semana, 82% das unidades de saúde não recebem nenhum caso novo. No momento, 151 pessoas estão internadas na cidade por causa da doença, o que equivale a 2,4% do total de ocupação dos leitos hospitalares. Os dados foram apresentados na manhã de hoje (29), no 43º Boletim Epidemiológico da prefeitura.
Segundo o secretário de Saúde, Daniel Soranz, com essa boa evolução do cenário, o comitê científico que assessora a prefeitura nessa pandemia decidiu criar uma nova classificação de risco para o mapa da cidade, incluindo o baixo risco para transmissão da covid-19, como o município se encontra no momento.
“A gente não tinha essa categoria, não imaginava que ia ter um risco tão baixo como a gente tem agora. Então no nosso boletim a gente criou a categoria de risco baixo, não tinha essa previsão. Ela está alinhada também com a classificação de risco do estado, que apresenta risco baixo em todo o estado e muito baixo na capital e outras cidades da região metropolitana”, explicou.
De acordo com o secretário, de cada 100 testes feitos na cidade, apenas quatro dão positivos e a taxa de transmissão está em 0.6, o que indica a diminuição do contágio, com cada doente contaminando menos de uma pessoa na média.
A prefeitura lembra que ainda é necessário manter as medidas sanitárias para evitar a contaminação, como o uso de máscara em locais fechados, deixar os ambientes ventilados, priorizar espaços ao ar livre, se apresentar sintomas procurar uma unidade de saúde, tomar a segunda dose da vacina e a dose de reforço em dia e continuar higienizando as mãos com frequência.
Sobre a flexibilização do uso de máscaras em locais abertos, autorizada ontem (28), Soranz destacou que os indicadores da cidade garantem a segurança para a adoção da medida.
“Outros países também fizeram flexibilizações de uso de máscara em outros momentos. Estados Unidos flexibilizaram com 37% de [aplicação da] segunda dose [da vacina contra a covid-19] e 47% da primeira dose. Eles liberaram geral e recuaram somente em locais fechados e em locais de alta incidência, que não é o caso do Rio de Janeiro nesse momento”, explicou.
De acordo com o secretário, outros países flexibilizaram o uso da máscara com muito menos vacinados que o Rio de Janeiro. Ele citou o exemplo da Espanha, que liberou as máscaras em locais abertos com 53% da população vacinada com a primeira dose e 36% a segunda, Alemanha com 50% na primeira e 28% na segunda, França com 50% na primeira e 30% na segunda, Itália com 60% e 35%, Israel com 61% e 57% e Reino Unido com 70% na primeira dose e 50% na segunda dose.
“As pessoas são livres e podem usar máscara à vontade. Claro que ainda há um certo grau de insegurança, isso é natural das pessoas. Qualquer pessoa que se sentir insegura nesse momento deve continuar usando máscara e deve utilizar o dispositivo de maneira inteligente. Se você tem uma aglomeração ou um local que possa ter mais disseminação de covid-19, é óbvio que a pessoa vai preferir usar máscara”, lembrou o secretário.
Soranz explicou que a liberação das máscaras ao ar livre na cidade mostra coerência com os números da pandemia.
“Os dados epidemiológicos do momento mostram a menor taxa de transmissão desde o início da pandemia. Dificilmente a gente vai ter números de transmissão e de internação menores do que a gente tem hoje na cidade do Rio de Janeiro. Espero que a gente continue avançando na vacinação para ter cada vez mais segurança e completar a próxima etapa de flexibilização. Diferente de outros países, que fizeram em um único momento, a gente fez em três etapas”.
O plano de reabertura prevê que com 50% de vacinação são liberados 100% de ocupação de escolas, cinemas e teatros, o que se completou no início da semana; com 65% libera máscara em locais abertos; e quando chegar a 90% dos adultos vacinados, ou 70% da população total, a cidade avança para a liberação do uso de máscaras em locais fechados.
“Mais de 30 mil pessoas já foram multadas na cidade do Rio de Janeiro em relação à utilização de máscara. Essa fiscalização se mantém pela guarda municipal e pela vigilância sanitária”, ressaltou o secretário.
O calendário de vacinação foi adiantado e a dose de reforço vai ser aplicada hoje e amanhã nos idosos a partir de 64 anos. Também podem comparecer aos postos de saúde para receber a dose de reforço os profissionais de saúde que receberam a segunda dose em abril. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já aplicou 688 mil doses de reforço.
Como não haverá vacinação na segunda e na terça-feira, devido ao ponto facultativo do Dia do Servidor Público que foi transferido do dia 28 para o dia 1º, e do feriado do Dia de Finados, quem tinha previsão de tomar a segunda dose nesses dias pode antecipar para hoje e amanhã.
A previsão da SMS é concluir a campanha de vacinação contra a covid-19 em novembro. No momento, 87,5% da população total do município já recebeu a primeira dose e 66,3% está com o esquema completo. Dentro do público-alvo, a partir dos 12 anos, são 99,5% com a primeira dose e 77,4% com as duas doses ou dose única.
Soranz destacou o alto grau de adesão da população da cidade à vacinação e pediu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde instituam o passaporte da vacinação para turistas que chegam ao país.
“Temos uma preocupação altíssima com o fluxo de pessoas de outros países entrando na cidade do Rio de Janeiro, de países onde tem baixa cobertura vacinal. Seria muito importante que a Anvisa e o Ministério da Saúde adotassem obrigatoriedade de entrada no país de pessoas completamente vacinadas. É muito importante, outros países já estão fazendo, Estados Unidos e União Europeia cobram o passaporte vacinal para entrar no país”.
Segundo o secretário, o maior risco no momento é a entrada de uma variante vinda de um país com baixa cobertura vacinal e que ultrapasse a barreira da vacina. Ele lembrou que para navios de cruzeiros já está sendo solicitado o comprovante de vacina e espera que a medida seja estendida para os voos internacionais.
A reportagem procurou a Anvisa e o Ministério da Saúde para se posicionarem sobre a cobrança do passaporte vacinal dos turistas e aguarda retorno dos órgãos.
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