Após oito meses de trabalho e 45 reuniões, a Comissão Temporária da Covid-19 (CTCovid19) encerrou seus trabalhos nesta quarta-feira (8), com a aprovação do relatório final, de 518 páginas. Segundo o relator, senador Wellington Fagundes (PL-MT), a partir das reuniões realizadas e dos documentos recebidos, foi possível "compreender melhor a pandemia, contribuir para seu controle e chegar a algumas conclusões a respeito das ações e omissões dos gestores públicos e suas consequências para a população brasileira".
Ainda de acordo com Wellington, a comissão permitiu "vislumbrar medidas importantes para minimizar os efeitos da crise sanitária sobre a economia, a educação, a sociedade e o país, e para nos preparar melhor para o enfrentamento a situações semelhantes no futuro".
A comissão foi instalada em março, por requerimento do senador Eduardo Braga (MDB-AM), motivado pela crise de oxigênio que atingiu Manaus no início do ano, no auge da pandemia da covid-19. Nesse período, foram 39 audiências públicas, com a participação de 135 convidados externos, que desnudaram os problemas de gestão da pandemia, citados no relatório final, como a falta de coordenação do governo federal e a demora no início da imunização.
A contribuição dos senadores não se limitou ao debate de soluções. O relator da comissão foi autor de um projeto que se transformou em lei em outubro, permitindo a adaptação de plantas industriais de saúde animal para a produção de vacinas humanas (PL 1.343/2021). A comissão também visitou unidades de fabricação de vacinas para avaliar a capacidade produtiva do Brasil.
— A pandemia tem que servir de exemplo para que a gente possa superar nossas dificuldades. Nossa produção tecnológica e científica tem que ser desburocratizada. É preciso fazer com que as nossas pesquisas saiam da prateleira e virem nota fiscal — concluiu Wellington.
Presidindo os trabalhos, o vice-presidente da comissão, senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), ressaltou a importância da atuação do presidente da CTCovid19, senador Confúcio Moura (MDB-RO), que em setembro se licenciou para percorrer seu estado.
— Foi uma honra estar aqui todos os dias aprendendo com senadores como ele, Wellington Fagundes e Esperidião Amin — afirmou Styvenson.
Esperidião Amin (PP-SC) aproveitou a reunião para lembrar que ainda há ensinamentos a serem aprendidos com os trabalhos da comissão, como a necessidade de uma "solidariedade de fato, e não de papo".
— Esse desequilíbrio que o mundo mostra hoje, com grandes estoques de vacina [em alguns países], se choca com a falta de vacinas em grande parte da população do mundo, especialmente do continente africano. E isso reduz a segurança de todos. Não adianta salvar a primeira classe do Titanic. Se ele afundar, afundarão todas — alertou.
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