O Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 no Rio de Janeiro recomendou hoje (28) que a vacina contra a gripe seja aplicada em pessoas de todas as faixas etárias a partir dos seis meses de idade. A sugestão será encaminhada ao Ministério da Saúde, responsável por gerenciar o Plano Nacional de Imunização (PNI).
Atualmente, a vacina é assegurada a idosos com mais de 60 anos e crianças entre seis meses e cinco anos, além de alguns grupos populacionais específicos como trabalhadores da saúde, gestantes, indígenas, professores, detentos, trabalhadores portuários e pessoas com comorbidades, entre outros.
Segundo o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, a preocupação manifestada pelo comitê, que hoje realizou a sua 24ª reunião, está associada à chegada do outono e à aproximação do inverno. Ele lembra que, no fim do ano passado, o Rio precisou lidar paralelamente com a pandemia de covid-19 e com um surto de gripe.
"Tivemos uma epidemia de gripe em novembro e em dezembro do ano passado fora do tempo comum, da sua sazonalidade. Então, o comitê considerou importante a vacinação contra a gripe para que a gente não tenha um outro aumento de casos", explicou.
O Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 foi criado no início do ano passado pelo prefeito Eduardo Paes. Composto por 14 especialistas e presidido por Soranz, é responsável por analisar o panorama epidemiológico da cidade e por sugerir eventuais ajustes no planejamento do combate à pandemia.
Hoje, o comitê considerou que a única medida pertinente para o momento é a exigência do passaporte vacinal para entrar em locais como restaurantes, museus e academias. A medida deve vigorar até que 70% da população adulta tenham recebido dose de reforço do imunizante contra a covid-19. Um decreto municipal publicado no início do mês já havia fixado essa condição.
A campanha de vacinação contra a covid-19 prevê a aplicação de duas doses, além de uma terceira dose de reforço. Segundo dados do vacinômetro mantido pelo governo estadual, 94,6% da população da capital com mais de 12 anos já receberam ao menos duas doses, mas apenas 50,5% tomaram a dose de reforço.
Uma quarta dose tem sido aplicada em idosos acima de 80 anos e pessoas com comorbidades. Segundo Soranz, por enquanto não há previsão para estender a dose a outras faixas etárias. "O comitê considera que ainda não há evidências científicas para tomar uma decisão nesse momento e recomenda que se espere um pouco para recomendar a quarta dose ao grupo abaixo de 80 anos" disse.
Com exceção da manutenção temporária do passaporte vacinal, os especialistas do comitê avaliaram não haver necessidade de nenhuma outra medida restritiva. O uso de máscaras na cidade deixou de ser obrigatório desde 7 de março.
Para Soranz, o Rio de Janeiro vive um cenário epidemiológico muito favorável, com redução do número de pacientes internados e um dos menores índices de positividade dos testes desde o início da pandemia. "De cada 100 testes realizados na cidade, menos de dois são positivos", frisou.
O secretário também assegurou que há um monitoramento diário da evolução das variantes no mundo, a exemplo da BA.2, que vem causando aumento de casos em alguns países da Europa e em regiões da China.
"A BA.2 já circula na cidade do Rio de Janeiro desde dezembro e a gente não a considera com relevância epidemiológica nesse momento. É uma subvariante da Ômicron e, até agora, se comportou junto com a própria variante original", garantiu. Ele, porém, alerta que a proteção da vacina não dura para sempre e faz um apelo para que as pessoas que ainda não receberam a dose de reforço se dirijam aos postos de saúde.
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