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Senado homenageia 62 anos de Brasília
O espírito desbravador daqueles que viabilizaram a transferência da capital federal para o coração do país, a importância de Brasília em âmbito mun...
18/04/2022 13h35
Por: Nathaly Guimarães Fonte: Agência Senado

O espírito desbravador daqueles que viabilizaram a transferência da capital federal para o coração do país, a importância de Brasília em âmbito mundial e os atuais desafios conjunturais e estruturais que enfrenta a cidade planejada foram questões salientadas em sessão especial promovida nesta segunda-feira (18) no Plenário do Senado. A comemoração pelos 62 anos de Brasília, inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek em 21 de abril de 1960, foi requerida pelos senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Leila Barros (PDT-DF) — por meios dos requerimentos RQS 27/2022RQS 28/2022, respectivamente.

Parlamentares e convidados também relembraram outros nomes, como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Bernardo Sayão, Israel Pinheiro, Joaquim Cardozo e Ernesto Silva, além dos imprescindíveis candangos — trabalhadores de diversas parte do Brasil que contribuíram para a construção de Brasília.

Izalci Lucas afirmou que construir essa nova capital foi obra difícil e "de coragem do maior estadista que este país já teve".

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— Estamos hoje aqui para celebrar os 62 anos da nossa capital, que foi o sonho de Dom Bosco, de integração do Brasil. E é a realização da coragem de um líder e de brasileiros de todos os cantos desta nação — disse ele.

O senador citou problemas atuais vividos na cidade, em especial nas áreas de segurança pública, saúde, educação e assistência social.

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Leila Barros enfatizou que, após dois anos de medidas sanitárias (devido à pandemia) que impediram a celebração das seis décadas de Brasília, é enfim possível comemorar o sonho de Dom Bosco, que se materializou na nova capital do Brasil.

Ao relembrar o trabalho dos candangos, a senadora, que está à frente da Procuradoria Especial da Mulher no Senado, declarou que a história não foi justa com as mulheres que ajudaram a construir Brasília.

— O Censo Experimental de Brasília, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no ano de 1959, dá uma ideia do tamanho da injustiça cometida contra as trabalhadoras que, com seu esforço, também foram decisivas para que a nova capital ficasse pronta no prazo estipulado pelo nosso presidente Juscelino Kubitschek. O IBGE contou 2.966 mulheres economicamente ativas em sua coleta de dados. A maioria era prestadora de serviços diversos, como cozinheiras, parteiras — porque nasceram inúmeros brasilienses após a chegada dos candangos —, lavadeiras e costureiras, totalizando 1.822 mulheres. Entre as demais, 74 trabalhavam diretamente na indústria de construção e 54 na indústria de transformação.

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Leila também apontou problemas enfrentados pela capital, como os aglomerados subnormais (favelas), que totalizavam 36 unidades de acordo com um censo de 2010, número que agora pode ser maior.  

— Não podemos aceitar pacificamente que as pessoas achem normal existirem aglomerados subnormais em seu país — e a capital do Brasil deve ser ou deveria ser o exemplo. Todos os governantes dignos deveriam se comprometer com a ideia de que uma cidade só é saudável quando não tem aglomerados subnormais.

Acolhimento

Vice-Presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (Copev-DF), Euler de Oliveira Souza disse ser um defensor de Brasília por vários motivos.

— Com todos os problemas sociais e políticos que toda cidade enfrenta, que qualquer lugar enfrenta — onde há povo, há progresso e há também problemas —, Brasília é uma cidade extremamente acolhedora, que recebeu pessoas de várias partes do nosso gigante Brasil, e pessoas do mundo inteiro são trazidas para cá, por embaixadas e outros órgãos internacionais. Brasília é uma cidade que merece ser comemorada.

O aniversário de Brasília é sempre também aniversário da Universidade de Brasília (UnB), apenas dois anos mais nova que a cidade, ressaltou a reitora Márcia Abrahão. A instituição é “lugar de encontro de pessoas das mais diversas origens, dos mais diversos matizes e cores, das mais amplas e incríveis capacidades”.

São, segundo a reitora, pessoas que se dedicam ao ensino, à pesquisa e à extensão: professores, estudantes e técnicos empenhados em devolver à sociedade brasileira, particularmente à do Distrito Federal, a confiança neles depositada.

— Brasília e a Universidade de Brasília são irmãs do mesmo casamento entre criatividade e desafio, entre ciências exatas e humanidades, entre conhecimento individual e conhecimento universal, entre passado e futuro. A UnB de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira acolhe e reverbera no presente histórico o território urbano que nós habitamos no cotidiano e que tanto nos deslumbra a cada pôr do sol, a cada ipê florido, a cada gota de chuva quando já não mais suportamos a seca — declarou a reitora.

Vice-presidente do Memorial JK, André Kubitschek, bisneto de Juscelino Kubitschek, destacou o plano de metas de seu bisavô, cujas bases foram executadas em cinco ano de mandato. Também ressaltou o período da ditadura, que levou JK a um exílio de três anos, e reiterou a importância da democracia.

— Brasília representa a capacidade realizadora dos brasileiros — arquitetos, engenheiros, trabalhadores —, que em mil dias ergueram a nova capital do Brasil e, com ela, abriram as fronteiras internas do país, trazendo vida e desenvolvimento onde antes era Cerrado e solidão.

Desbravamento

Ao representar, durante a cerimônia, o procurador-geral da República, Augusto Aras, a procuradora Eunice Amorim Carvalhido afirmou que Brasília concretiza a esperança de uma terra prometida, cuja estética simbolizou uma nova concepção para os rumos do Brasil, marcada por autonomia técnica, gestão, bem como a meta de ser um caminho exemplar para o desenvolvimento posterior do país.

— Brasília foi concretizada há 62 anos pela ousadia e pela coragem de milhares de brasileiros de todas as regiões, que abriram sulcos em terras do Planalto Central; regaram jardins exóticos; fizeram jorrar água onde não havia; ergueram palácios e casebres, vilas e superquadras; traçaram linhas retas monumentais e curvas delineadas feito tesourinhas.

Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo César Rezende de Carvalho Alvim disse que “Brasília descobriu um outro Brasil” e hoje a nação é o que é porque em 1960 olhou-se para o interior do país.

— Brasília é a capital dos brasileiros, mas é uma cidade do mundo. Tem de ser comemorada sempre.

Segundo o ministro do Turismo, Carlos Brito, Brasília passou a ser destaque em feiras nacionais e internacionais com a participação da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Ele afirmou que a cidade se destaca pelo turismo cívico, cultural, gastronômico, de natureza (sendo porta de entrada para a Chapada dos Veadeiros) e náutico (pelo Lago Paranoá).

Também discursaram na sessão especial de homenagem à capital o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres; a presidente do Instituto Brasil de Investimentos e Cooperação Internacional (InvestBrasil), Leteia Pricila Gomes; e o tesoureiro do Clube dos Pioneiros de Brasília, Geraldo Nascimento. A solenidade contou ainda com a participação da Banda de Música do Colégio Dom Pedro II e da contadora de histórias Nyedja Gennari.