O Congresso Nacional realizou nesta terça-feira (26) uma sessão em homenagem aos 105 anos de nascimento do economista e diplomata Roberto Campos. Nascido em 1917 e falecido em 2001, Campos é considerado a maior referência do pensamento liberal no Brasil.
A senadora Soraya Thronicke (União-MS) foi uma das idealizadoras da sessão. Em sua fala, lembrou que as ideias liberais de Roberto Campos sempre guiaram sua trajetória política. Para Soraya, os livros escritos pelo economista, como A Lanterna na Popa, ainda trazem diretrizes que são úteis para o Brasil atual.
— Acredito piamente que só a liberdade econômica, só o liberalismo verdadeiro poderá nos trazer a prosperidade que merecemos. Campos teve duros embates no processo constituinte (1987-1988) e ficou marcado ao dizer: "quando cheguei ao Congresso, acreditava que poderia fazer o bem. Agora vejo que só dá para evitar o mal". E quando me deparo com Campos falando que estávamos em 94º lugar em termos de liberdade econômica na década de 1990 e que, em 2022, entre 178 países, estamos amargando o 143º lugar, me pergunto se estamos realmente conseguindo evitar o mal aqui. Pra mim isso tem sido um verdadeiro flagelo, principalmente porque erguemos a bandeira da liberdade econômica em 2018. O que estamos fazendo é defender o liberalismo econômico, mas não estamos conseguindo entregá-lo, infelizmente — lamentou a senadora.
Longa trajetória
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fez questão de participar de toda a sessão de homenagem ao avô. Ele lembrou a longa trajetória do avô no serviço público, tendo participado das equipes de criação da Petrobras, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (hoje BNDES), e tendo atuado também na equipe responsável pelo Plano de Metas (1956-1961) conduzido durante o governo Juscelino Kubitschek.
A partir de 1964, Roberto Campos atuou na criação do Banco Central. Campos Neto lembrou que o avô sempre defendeu que o BC fosse independente, tendo conseguido isso entre 1964 e 1967, quando a independência foi revogada. O Banco Central só voltou a ser independente em 2021, ainda que esta independência seja hoje "apenas operacional, não administrativa e financeira", destacou o presidente da instituição.
O secretário de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reiterou que o ideário de Roberto Campos inspira a gestão do ministro Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro.
— Somos a primeira gestão em 20 anos que vai concluir gastando menos em relação ao PIB do que quando assumiu. O país gastava 8,2% do PIB em Previdência Social em 2018, finalizaremos 2022 gastando 8%. Com pessoal, gastávamos 4,2%, chegaremos esse ano a 3,5%. Temos um grande foco em privatizações e concessões, na abertura econômica, na melhora do ambiente de negócios e na desburocratização — exemplificou Sachsida, valorizando que estas são diretrizes típicas de gestões liberais.
Já o deputado Kim Kataguiri (União-SP) avaliou que um "verdadeiro liberalismo" ainda não é hegemônico no Brasil. Ele criticou as renúncias fiscais, que só na folha de pagamento devem atingir R$ 371 bilhões em 2022, e a intenção do governo de conceder 5% de aumento ao funcionalismo público.
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