A Comissão de Direitos Humanos (CDH) realizou nesta terça-feira (14) uma diligência em Umbaúba, em Sergipe, onde Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi morto por asfixia numa viatura da Polícia Rodoviária Federal, no mês passado. Abordado por trafegar de moto sem capacete, o motoboy, que era casado e tinha um filho, foi trancado na viatura e submetido pelos policiais à inalação de gás lacrimogênio. Vídeos mostrando a ação que matou Genivaldo rapidamente se espalharam pela internet, causando espanto e indignação. Os senadores Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE) conversaram com a viúva de Genivaldo, Maria Fabiana dos Santos, e se reuniram com representantes do Ministério Público, das Polícias Federal e Rodoviária Federal para pedir a resolução da investigação e punição dos envolvidos.
O presidente da comissão, senador Humberto Costa (PT-PE) informou que, além de tomar conhecimento acerca das investigações e de como o governo federal está atuando no caso, a comissão externa da CDH tem objetivo de cobrar das autoridades e dos governos estaduais e municipais a assistência necessária para a viúva de Genivaldo, seu filho e os familiares, que sofrem com a perda.
— Viemos aqui como uma atribuição da nossa comissão que é de fiscalizar o trabalho do governo federal. Então nós temos a responsabilidade de vir aqui, de cobrar das autoridades que estão investigando o caso que se faça justiça e ao mesmo tempo também de cobrar do poder público, tanto federal como estadual e municipal (...) a assistência à família — disse o senador, no encontro com a viúva Maria Fabiana.
Humberto Costa pediu que os governos estadual e municipal, com suas respectivas câmaras legislativas, reforcem a mobilização, junto ao Congresso Nacional, para a aprovação do projeto (PL 1.388/2022) que garante o pagamento de uma pensão especial vitalícia a Maria Fabiana e uma pensão temporária a Enzo de Jesus Santos, filho de Genivaldo. O senador afirmou que o caso precisa servir de exemplo para alterar a forma de abordagens policiais em todo o país.
— Nós tivemos conhecimento de vários casos aqui, e isso acontece no Brasil inteiro houve outras situações parecidas com a do Genivaldo, embora não tenha tido o mesmo desfecho (…). Porque não é um favor que o governo vai fazer para vocês, é porque ele foi o causador da morte de Genivaldo. E como tal ele tem a responsabilidade de amparar a família de Genivaldo, amparar seu filho — disse a Maria Fabiana.
Emocionada, Maria Fabiana disse sentir-se impotente em razão dos responsáveis pela morte de Genival estarem em liberdade. Ela pediu justiça.
— A gente quer justiça pela vida dele. Sei que nada vai trazer ele de volta. (…) Eu estou sozinha, eu estou despedaçada, sem rumo, sem chão, eu não consigo dormir direito, já perdi 12 quilos do dia que ele morreu para cá. E é um sentimento de impotência. A gente se sente impotente, a gente sente medo. E eu fico aqui pensando, meu Deus, porque essas pessoas não estão presas? Com uma maldade e uma crueldade daquela que fizeram com ele, sem ele poder se defender. Eu espero ansiosamente que eles sejam condenados, para que outras famílias, outras pessoas não passem pelo o que eu estou passando, pelo que a família toda está passando — disse Maria Fabiana.
A vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino, também acompanhou a diligência até Umbaúba.