A pequena Pillar Fernandes, 7 anos, é uma menina sorridente e cheia de carisma, mas isso não impediu que uma colega da escola usasse termos ofensivos e racistas para se referir a ela negativamente na última semana. O episódio foi relatado por sua mãe, Charlenny Fernandes, da Coordenação de Arquivo (Coarq), em um grupo de mães do Senado, na última semana, e mobilizou a Casa. Motivado pela situação, nesta sexta-feira (15), o Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça da Casa promoveu uma sessão de fotos com filhos de colaboradores negros como parte do projeto Crianças Negras no Senado.
— Foi a primeira vez que ela sofreu isso nessa escola, mas no parquinho já tinha acontecido de falarem do cabelo e da pele. E ela está cansada disso. Dessa última vez, ficou muito para baixo. A gente falava com ela e via que ela queria chorar, mesmo quando dizia que estava tudo bem — conta Charlenny.
A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, também se envolveu na iniciativa e falou sobre a importância de valorizar a beleza, a ancestralidade e a inclusão da criança negra.
— Tomara que elas voltem muitas vezes ao Senado; voltem ainda crianças, voltem adolescentes e voltem já adultos e, quem sabe, como senadores e senadoras da nossa Câmara Alta. Este Senado que quer ser, deve ser e será cada vez mais plural — afirmou.
Coordenadora do Comitê de Igualdade, Stella Maria Vaz, diz que a ideia inicial era trabalhar uma campanha com pré-adolescentes ao fim do ano, mas a discriminação sofrida por Pillar antecipou a ação. Além da sessão de fotos para montar uma galeria temática, ela e sua equipe vão escrever um artigo sobre o projeto e seus propósitos.
— Faremos ações de conscientização e de cunho cultural, com música e outras atividades mais para o fim do ano. A princípio pensamos na exposição de fotos, mas podemos ver como aproveitar melhor no futuro. Queremos levar esse diálogo para as escolas também — explica.
O coordenador do Grupo de Trabalho de Afinidade de Raça do Senado, Devair Sebastião Nunes, comenta a importância de as crianças negras ocuparem espaços de poder na Casa e de se sentirem bem-vindas.
— Sabemos de relatos de preconceito que muitas delas já sofreram mesmo sendo tão novas, então é um momento de empoderamento delas também. Precisamos falar sobre afirmação positiva e estabelecer o Senado como um espaço de acolhimento a todos — conclui.