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Desperdício de água potável no Brasil daria para suprir 66 milhões de pessoas

Para especialista, tecnologia tem um papel muito importante na luta contra o altíssimo desperdício de água potável no país

01/08/2022 às 15h25
Por: Nathaly Guimarães Fonte: Agência Dino
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Foto: Reprodução
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Relatório do Instituto Trata Brasil mostra que, nos primeiros seis meses de 2022, 40% de toda água potável captada no país foi perdida. Dados do relatório mostram uma piora se comparado à pesquisa anterior, em 2019, que registrava um desperdício de pouco mais de 39%. Na região Norte do país, a pesquisa revelou que o índice desperdício de água é ainda pior já que 51% de toda água produzida escorre pelas falhas dos sistemas de tratamento e distribuição de água.

Segundo estudo do Ministério do Meio Ambiente, em 2008 o Brasil possuía 12% de toda água doce do planeta. Por mais que esse número impressione, para os especialistas, o mito da riqueza hidrográfica do Brasil precisa ser reexaminado já que o estudo “Vegetação nativa perde espaço para a agropecuária nas últimas três décadas”, do instituto de pesquisas Mapbiomas, de janeiro de 2021, mostra que cerca de 15% da superfície de água do país secou nos últimos 30 anos. Em 1991, a superfície coberta por água era de 19,7 milhões de hectares. Em 2020, esse espaço baixou a 16,6 milhões de hectares.

De acordo com Luis Arís, gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler LATAM, o estudo do Instituto Trata Brasil que com toda essa água potável desperdiçaria daria para suprir as necessidades hídricas de 66 milhões de pessoas no Brasil por 1 ano.

Arís explica que segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dos 5.570 municípios brasileiros, somente 2.007 cidades contam simultaneamente com Estações de Tratamento de Água (ETA) – plantas que tratam a água antes de seu consumo – e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), unidades dedicadas ao tratamento de efluentes industriais e domésticos. O executivo conta que há, ainda, um déficit de Estações de Tratamento de Água de Reúso (ETARs), voltadas para o reaproveitamento, em aplicações industriais, de água produzida por ETEs. “Afirmo isso me baseando no estudo “REÚSO: Instrumento de um novo modelo de gestão das águas”, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), do início de 2022, indicando que a região Sudeste contava com somente 16 ETARs em operação”, ressalta Arís.

Para o executivo da Paessler tudo isso é muito preocupante pois, o outro lado desse quadro é que, segundo relatório de 2018 da Confederação Nacional da Indústria, até 2030, o uso de água no Brasil deverá aumentar em 24%, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo. Arís conta que para evitar o caos, foi aprovado pelo Senado brasileiro, em junho de 2020, o novo Marco Legal do Saneamento Básico. “A nova norma impõe que, até 2033, mais de 90% da população brasileira terá de contar com fornecimento de água potável e com serviços de esgoto”, conta Luis. Em 2020, a média nacional de atendimento da população com sistemas de tratamento de água e de esgoto era de 46,5%, o equivalente a 82,1 milhões de pessoas (dado da Agência Nacional de Águas e Saneamento).

Arís avalia que para reduzir o desperdício de água potável no Brasil e alcançar as metas estabelecidas pelo governo brasileiro é necessário que as companhias e organizações de tratamento água tenham uma visão preditiva sobre as falhas no saneamento básico. “A tecnologia tem um papel fundamental e indispensável na luta contra o altíssimo desperdício de água potável no Brasil”, afirma.

O executivo da Paessler explica que a superação desse quadro de grande desperdício de água exige uma profunda transformação do setor de saneamento básico brasileiro e, que essa jornada inclui a disseminação de soluções de TI que oferecem uma visão preditiva sobre possíveis falhas, permitindo que correções sejam feitas antes da perda de água acontecer.

“Uma moderna planta de tratamento de água é um ambiente industrial (OT, Operation Technology) que trabalha 24x7 em prol da otimização da produção e distribuição de recursos hídricos. Nesse modelo, plantas ETA, ETE ou ETAR contam com milhares de sensores IIoT (IoT Industrial) implementados em campo e dedicados às mais diversas funções. Cada sensor é um instrumento de medição de fatores como o pH da água, a temperatura da água, a velocidade de vazão da água, as condições físicas das paredes dos reservatórios e tubos, o nível da água no reservatório e na tubulação, o estado de funcionamento de filtros e bombas de água etc.”, explica Luis Arís.

O executivo continua, dizendo que para que a excelência em gestão de recursos hídricos seja atingida é fundamental integrar em uma única interface de monitoramento informações precisas sobre o universo OT/IoT e, também, as áreas de TI da empresa de saneamento e que a meta é obter, ao mesmo tempo, uma visão do todo – e um todo alinhado com as plataformas administrativas e comerciais da empresa – e, quando for necessário, chegar ao detalhe do funcionamento de uma bomba de água. Para Arís, outro diferencial dessa abordagem é a certeza de que alertas serão disparados imediatamente em caso de falhas ou de previsão de falhas, com mensagens sendo enviadas para uma lista de responsáveis, de modo hierárquico.

“Estratégias como essas contribuirão para a empresa de saneamento construir evidências de seu alinhamento ao modelo ESG (Environment, Social and Governance), algo cada vez mais críticos para os negócios”, avisa Luis Arís, da Paessler.

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