Jovens nordestinos estão longe de serem incluídos nas taxas de desemprego que diminuíram em 22 estados brasileiros durante esse ano, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É notável os números discrepantes que refletem as diferentes situações do mercado de trabalho entre as regiões brasileiras.
Enquanto as menores taxas de desemprego, referente ao segundo trimestre do ano, são das regiões Sul (5,6%) e Centro-Oeste (7%), as maiores estão no Nordeste (12,7%) e Sudeste (9,3%). A pesquisa feita pelo IBGE também aponta que os jovens de 18 a 24 anos representam 19,3% da taxa de desocupação do país e quando comparados às taxas dessa faixa etária entre as regiões brasileiras, o nordeste se destaca com 26,3%, número consideravelmente elevado em relação à taxa média total (9,3%).
Diante desse cenário, jovens têm buscado oportunidades de capacitação e projeção no mercado de trabalho. É o caso de Maurivane Souza, jovem que mora em Lagoa de São Francisco, município do sertão do Piauí, de 6.795 habitantes. Desempregada, ela necessita de auxílios para se manter e buscou por um projeto de empregabilidade que aconteceu na sua cidade, cujo objetivo era qualificar jovens em profissões que podem ser exercidas completamente online.
O projeto em questão foi realizado por um grupo de empresas norte-americano, que estudou o mercado e, como muitas outras empresas, apostou na capacitação de grupos desfavorecidos. Esse tipo de iniciativa do setor privado tem sido cada vez mais comum, já que ao mesmo tempo que podem formar futuros colaboradores, cria-se a imagem e cultura de uma empresa socialmente consciente.
A baixa escolaridade é um agravante das taxas de desemprego no país. A mesma pesquisa do IBGE, já citada anteriormente, mostra que 59% das pessoas desocupadas tinham pelo menos o ensino médio completo e cerca de 21,1% não tinham concluído o ensino fundamental. Maurivane mais uma vez se encontra dentro da maior taxa, ela concluiu o ensino médio e, por conta de suas condições de vida, não teve oportunidade de continuar os estudos e se profissionalizar.
Os empresários têm percebido que podem tornar esse cenário uma via de mão dupla. "Se trata daquela velha história: onde tem problema, tem uma grande oportunidade. Eles têm uma boa internet, já que no Nordeste chega o cinturão de fibra óptica e isso fez com que a gente enxergasse essa oportunidade de capacitá-los para uma carreira digital e inseri-los nesse mundo”, explica André Lima, sócio-diretor dor grupo GPS.
Para a jovem nordestina, o que falta por lá são oportunidades reais de ascensão no mercado de trabalho e esses projetos são bons para ambos os lados. “A falta de emprego faz com que os jovens daqui precisem se mudar para São Paulo ou outras regiões que tenham mais ofertas. Para mim, foi uma grande oportunidade. Eu espero conseguir um emprego para colocar em prática tudo o que aprendi e poder ter uma condição de vida melhor”, finaliza Maurivane.
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