As doenças cardiovasculares provocam 2 vezes mais mortes do que todos os tipos de câncer juntos no Brasil. As DCVs, forma como os especialistas chamam esse tipo de doença que afeta o coração, são a causa número 1 de mortes no país, o que representa cerca de 30% de todos os óbitos em solo brasileiro.
Nos oito primeiros meses do ano (janeiro a agosto) já foram contabilizadas pelo Cardiômetro mais de 260 mil mortes. Para a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), boa parte das mortes que compõe essa estatística podem ser evitadas: o cuidado preventivo, como a realização de exames periódicos e a prática de exercício físico por pelo menos 150 minutos por semana podem fazer com que os fatores de risco das doenças cardiovasculares sejam minimizados e o paciente viva bem por mais tempo, o que posterga um infarto e um aneurisma, por exemplo.
Para o fisioterapeuta intensivista Luiz Guilherme Calderon, o aumento no número de mortes por doenças do coração é um reflexo da pandemia. Segundo ele, desde o início do isolamento social, as pessoas pararam de comparecer às consultas e aos exames de rotina. “A população ficou com medo do vírus em 2020 e começou a evitar ambientes hospitalares. Mas agora, o que percebo é que muita gente não voltou a cuidar da saúde como antes da pandemia, indo ao médico de forma preventiva”.
De acordo com Luiz Guillherme, os casos de Covid-19 também contribuíram para o aumento da estatística: “o número de mortes durante e pós-covid também reflete no aumento das vítimas por parada cardiorrespiratória. Mas, para além da questão pandêmica, é necessário ressaltar que o atendimento rápido às vítimas desse tipo de parada é fundamental para o salvamento dessas pessoas”, completa.
Segundo a American Heart Association (AHA), 90% das pessoas que sofrem paradas cardíacas morrem antes de chegar ao hospital. O socorro nos 10 primeiros minutos é o que faz com que as vítimas sobrevivam e fiquem com menos sequelas, evitando que o paciente tenha morte cerebral a partir dos 10 minutos que sucedem a parada cardíaca.
No Brasil, houve um aumento de até 132% no número de mortes devido às doenças cardiovasculares durante a pandemia. É o que aponta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a SBC. O levantamento também apresenta um crescimento nas mortes em domicílio durante o período, sobretudo por AVC, com 230 mil casos.
Um aplicativo gratuito foi criado para auxiliar no socorro às vítimas de parada cardíaca fora do ambiente hospitalar. Com o My Heart Safe, a população consegue mapear onde existem desfibriladores externos automáticos (DEAs) disponíveis para serem usados durante o atendimento e ainda encontrar profissionais da saúde para o primeiro atendimento à vítima até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU.
Além do socorro prestado pelo SAMU e dos aplicativos que auxiliam na busca de equipamentos e profissionais da área, a capacitação de socorristas habilitados a atender esse tipo de ocorrência de urgência também é uma alternativa no intuito de salvar as vítimas de doenças do coração e fazer com que a estatística diminua. O Instituto Terzius em parceria com a Curem, ambos especializados em treinamentos em emergência e terapia intensiva, já treinaram mais de 100 mil profissionais da área em conjunto.
A medicina intensiva é uma especialidade que tem como objetivo estabelecer padrões sobre a forma como os pacientes em estado crítico, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), devem ser cuidados. A especialidade esteve em evidência em 2020 e 2021 devido ao tratamento de pacientes com Covid-19, mas também é referência no atendimento à população que possui doenças no coração.
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