A pandemia de Covid-19 exigiu que as autoridades de todo o mundo aplicassem medidas restritivas para conter a proliferação do vírus e uma delas foi o fechamento das escolas e centros de ensino, em 2020. Com o objetivo de manter o aprendizado dos estudantes no período, as instituições adotaram o ensino híbrido e, consequentemente, aceleraram as discussões e aplicação da abordagem na educação.
Na prática, o ensino híbrido é caracterizado pela união de elementos online e offline e por proporcionar um aumento de possibilidades de estímulos para o aprendizado, seja com aula expositiva, jogos digitais, fóruns de debate em salas digitais e realidade aumentada, entre outros. Além disso, as vantagens da abordagem envolvem a personalização do ensino e a autonomia dos estudantes no próprio processo de construção do conhecimento.
“Antes mesmo da pandemia, já era possível ver o ensino semipresencial nas aulas de graduação e pós-graduação em uma dinâmica que o aluno assistia aulas e fazia atividades no ambiente virtual, mas ainda contava com plantões de dúvida ou até aulas no modo presencial. Hoje, vemos que é possível potencializar essa inclusão do digital com modelos do ensino híbrido que vão propiciar o protagonismo dos alunos”, conta o CEO da MOVPLAN S.E., Esdras Santana, que trabalha no setor de tecnologia educacional.
Entre os modelos do ensino híbrido está a Sala de Aula Invertida, que é considerada a mais conhecida e faz uma mudança em relação aos métodos tradicionais. Neste tipo de abordagem, o estudante recebe uma curadoria de conteúdo do professor para estudar em casa e vai para aula com conhecimento prévio do assunto e até mais preparado para tirar dúvidas e fazer exercícios.
Planejamento do ensino híbrido
Mais de 90% dos especialistas em educação entrevistados na pesquisa School in de 2030 apontaram que as escolas do futuro precisam ter metodologias inovadoras. “O ensino híbrido é uma tendência para o presente e para o futuro, por isso os gestores e os professores precisam estar de olho nos avanços tecnológicos na área da educação, para que se mantenham modernas e com excelência do ensino”, explica o levantamento.
Atualmente, o mercado de soluções educacionais é diverso e conta com lousa digital, notebooks e tablets, sala de aula digital ou ambiente virtual de aprendizagem (AVA), gabinetes de recarga para device, soluções integradas, softwares e aplicativos diversos que podem ser usados nas aulas ou até mesmo para a gestão escolar.
“Cada equipamento oferece estímulos distintos e, por isso, é necessário que os professores façam um planejamento integrado com o revezamento das atividades online e offline. O plano deve envolver quais soluções tecnológicas devem ser usadas, objetivo de aprendizado e como será trabalhado em sala de aula. Assim, é possível estruturar a aplicação da abordagem nos mais diversos modelos”, afirma Santana.
A etapa de planejamento, segundo o CEO da MOVPLAN S.E., reforça a importância do professor na inclusão adequada das tecnologias. “É primordial que as instituições incentivem e ofereçam meios para que o docente tenha capacitação no ensino com tecnologia, pois são eles que vão desenvolver planos de aula e aplicar a abordagem. Mas mais do que isso, os professores precisam ser encorajados a sair do tradicional e a oferecer uma experiência verdadeiramente híbrida para os estudantes”, afirma.
Motivação, personalização e protagonismo
Quando aplicado de forma integrada e planejada, o ensino híbrido pode potencializar o aprendizado em diversos aspectos, como o desenvolvimento de habilidades diversas por causa do aumento dos estímulos ao conteúdo em estudo. Como o senso crítico com participação de fóruns virtuais de debates, além de pesquisas seguras e confiáveis na internet para trabalhos em grupo ou individuais.
“Outro ponto que merece atenção é a possibilidade de motivar as crianças, adolescentes e jovens que são nativos digitais, ou seja, nasceram na era da tecnologia e com fácil acesso à informação por causa da internet. Eles também têm a oportunidade de aprender a fazer um consumo consciente da tecnologia com o uso direcionado para os estudos e não apenas para diversão”, acrescenta Santana.
A aplicação do ensino híbrido ainda pode favorecer a criação de um ambiente personalizado de acordo com os interesses e necessidades individuais dos estudantes. Além disso, incentiva a mudança do papel passivo para um papel de autonomia com possibilidades de estudo em casa com tecnologia, por exemplo.
Aula na sala digital ou na sala física?
Os professores não precisam optar pelas atividades na sala digital ou pela sala física, porque o ensino híbrido permite que os estudantes tenham integração entre os dois ambientes. Dessa forma, a instituição pode oferecer aula, criar períodos para tirar dúvidas, fazer debates e até propor apresentações aos alunos no espaço presencial.
Complementarmente, é possível que o estudante participe dos fóruns, faça trabalhos em espaços colaborativos, envie mensagens para os colegas e para o professor, receba arquivos multimídia e ainda poste atividades na sala digital. “É importante entender que a abordagem não prevê uma mudança total para o ensino online, mas uma união entre os diversos recursos. Sendo assim, é possível que os professores aproveitem o melhor dos dois mundos, explorando o ambiente virtual como uma extensão do aprendizado no ambiente presencial”, explica o CEO.
Entre as vantagens da sala de aula digital junto com o presencial está a possibilidade de acesso aos materiais em qualquer lugar através da internet e a flexibilidade de estudar em qualquer horário. “A possibilidade do estudante ir além do presencial merece destaque, acessando conteúdos complementares ou reforçando aquilo que foi falado em aula”, finaliza.
Já para os professores, a vantagem do uso da sala de aula digital está nas ferramentas de gestão da turma que a maioria dos ambientes virtuais oferece, como feedback, avaliação e acompanhamento do desempenho de cada estudante. Por exemplo, os estudantes podem fazer um trabalho em grupo ou individual na sala presencial e depois carregar o documento na sala digital para avaliação e atribuição de notas.
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