Entre outros profissionais de saúde, enfermeiros, técnicos e auxiliares desempenharam um papel na linha de frente ao longo de toda a pandemia de Covid-19. Resultado disso, cerca de 64.557 profissionais foram infectados pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), segundo levantamento do Observatório da Enfermagem. Destes, 872 perderam a vida.
Diante desses números, o STF (Superior Tribunal Federal) decidiu no mês de agosto que profissionais da saúde vítimas da Covid-19 devem ser indenizados. O órgão, que é a última instância do poder judiciário brasileiro, rejeitou a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 6970, requerida pelo governo federal e pela AGU (Advocacia-Geral da União) contra a Lei 14.128/2021, que assegura indenização.
Como saldo da crise sanitária, países como Alemanha, Emirados Árabes Unidos e Cingapura têm se empenhado para atrair enfermeiros de outras nações com promessas de vistos mais rápidos e salários atrativos, como mostram dados da Bloomberg publicadas pelo site Valor Econômico. Aliás, estimativas do ICN (Conselho Internacional de Enfermeiras) indicam que, em todo o mundo, a carência de profissionais de enfermagem deve chegar a 13 milhões nos próximos anos.
Para Thayanne Pastro Loth, pesquisadora, docente, mestre e especialista em saúde pública, a nível nacional, a conscientização do valor do profissional da saúde e a necessária intervenção governamental para a retenção de bons profissionais assim como a preservação de seus direitos básicos ficou notório a todos, do âmbito público e privado assim como para população em geral, no chamado “pós-pandemia”.
“A escassez de enfermeiros e biomédicos na linha de frente, foram essenciais para que o sistema percebesse a importância desses profissionais durante a crise sanitária”, pontua. “Agora o foco de novas capacitações para preencher essas lacunas deve ser de prioridade a qualquer Estado, começando por reformulações necessárias para tornar esse mercado mais atraente para novos candidatos”, afirma.
O Brasil possui cerca de 6,6 milhões de agentes na área da saúde, segundo o Ministério da Saúde. Desses profissionais, 2.710.143 são da área de enfermagem, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, de acordo com dados do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) de julho de 2022.
Loth destaca que, no decorrer da pandemia, foram reajustados e contratados muitos profissionais para o atendimento, tanto para a Covid-19, quanto para os demais casos. “Vejo os profissionais com mais responsabilidade e mais sensibilidade pelos pacientes. Além do mais, a maioria desses profissionais hoje se sentem mais valorizados”.
A especialista em saúde pública acredita que, no futuro, os enfermeiros e biomédicos se tornarão mais capacitados e preparados para crises sanitárias, mas também conta com os avanços da tecnologia e o acesso à mesma para a realização harmônica dos avanços necessários da saúde pública.
“Após o período crítico da epidemia é que foi notado como os sistemas de saúde precisam de uma tecnologia que auxilie os profissionais e seja uma aliada para atender o maior número de pessoas com a melhor qualidade”, conclui Loth