Até 2030, um estudo projeta que o cenário de automação resultará em uma demanda de mão de obra adicional de 1,5 milhão de novos empregos líquidos, em vez de uma redução da força de trabalho. O impacto na geração de empregos, por sua vez, está diretamente ligado ao gerenciamento dessa transição no mercado.
A previsão é de que, em decorrência do surgimento de novas tecnologias e novas profissões, 4,5 milhões de empregos sejam perdidos ao automatizar 25% das horas trabalhadas. Porém, cerca de 6 milhões de novos empregos serão criados.
O estudo explica, ainda, como esses novos postos de trabalho serão criados. De acordo com a publicação, a economia tende a seguir padrões observados e são sete os que influenciam as decisões de mercado. São elas: renda crescente, envelhecimento e saúde, educação, gastos com tecnologia, investimento em imóveis, investimento em infraestrutura, transições de energia.
O conjunto dos pontos citados acima gerarão, até 2030, cerca de 3,3 milhões de empregos. Outros 1,7 milhão surgirão de escolhas sociais e políticas e mais 1 milhão de postos de trabalho serão gerados provenientes de novos tipos de profissões/ocupações que atualmente não existem.
Gabriel Manzano, diretor de Tecnologia do CV CRM, acredita que o impacto real da automação na geração ou perda de empregos depende de como a transição será gerenciada. “A automação, de uma maneira geral, tem o potencial de criar mais oportunidades econômicas, promover um modelo de fabricação regionalizado e oferecer planos de carreira recompensadores para uma força de trabalho mais diversificada”, explica.
Manzano defende, portanto, que o sucesso para uma economia digital é baseá-la no conhecimento. O tema foi amplamente discutido por profissionais da área de tecnologia e educação durante o evento EncontrosFolha, em Londrina, Paraná, no último mês de setembro.
Silvana Quintilhano, docente da área de educação da UTPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e uma das painelistas do 16º EncontrosFolha, pontua que romper paradigmas dentro do sistema tradicional de ensino é necessário para expandir as possibilidades. “A situação é complexa e exige um olhar especial dos órgãos governamentais para que ocorra um avanço e a tecnologia seja uma auxiliadora nos processos de aprendizagem”, destacou Quintilhano.
Para realizar esses benefícios potenciais, os setores público e privado devem colaborar para reformar o mercado de trabalho através da capacitação dos estudantes e trabalhadores. “Em qualquer indústria, nossa responsabilidade não é proteger os trabalhadores das máquinas que podem fazer de alguma forma o trabalho deles, mas preparar a força de trabalho para o tipo de trabalho que será necessário por causa da tecnologia e automação”, explica Gabriel Manzano.
Criando oportunidades econômicas por meio da automação
O estudo do Weforum pontua também que a robótica, inteligência artificial (IA) e outras tecnologias da Quarta Revolução Industrial estão disponíveis para a indústria há décadas, mas o olhar para elas só ganhou força mais recentemente. Isso se deve ao custo decrescente da robótica e ao aumento do big data, maior poder de computação e aprendizado de máquina.
Em todos os setores, a adoção em massa da automação fará com que a produção se torne mais ágil, econômica e com maior rendimento. A fase de design também pode se beneficiar: por exemplo, a tecnologia de gêmeos digitais fornece uma representação virtual de um objeto ou processo e pode ajudar a acelerar a inovação.
Esses efeitos, juntamente com o aumento da demanda do consumidor por bens, podem atuar como um catalisador para o crescimento econômico. E exigirá uma força de trabalho tecnicamente qualificada para apoiá-lo.
Novos caminhos de carreira
Um estudo do MIT e da Universidade de Boston descobriu que o impacto negativo da automação no mercado de trabalho pode ser compensado por novas tarefas, pois “todas as tecnologias criam efeitos de produtividade que contribuem para a demanda de trabalho”. Isso é corroborado por um estudo do Fórum Econômico Mundial que prevê que, até 2025, as tecnologias digitais criarão pelo menos 12 milhões de empregos a mais do que eliminarão, pois serão necessárias pessoas com as habilidades certas para programá-los, mantê-los e repará-los.
Além disso, ao preencher os empregos criados pela automação, os empregadores podem nivelar o campo de atuação para pessoas com deficiência e outras desvantagens. Por exemplo, o uso da robótica pode eliminar o requisito de “capacidade de levantar”, tornando o trabalho mais acessível.
Para Gabriel Manzano, diretor de Tecnologia do CV CRM, o que deve ser feito agora é investir nas pessoas, fornecendo o treinamento de que precisam para ter sucesso nesse novo cenário. “À medida que a produtividade aumenta, podemos capacitar os trabalhadores e criar um mundo digital cada vez mais dinâmico, no qual pessoas e máquinas trabalham juntas”, explica.