Durante a pandemia, a medicina avançou em diversas áreas, mas, um grande obstáculo do setor foi sentido por todos: a saúde mental. E com isso, a preocupação com esse tema no trabalho tem ganhado notoriedade nas organizações. Segundo uma pesquisa realizada pela Wellable, 67% das empresas oferecem programas de assistência aos colaboradores, mas apenas 29% valorizam o acesso às ferramentas digitais de saúde mental, como aplicativos para celular.
Ainda que ações de saúde mental estejam presentes no ambiente corporativo, ainda há um longo percurso pela frente. Dados do relatório da Oracle mostram que 84% dos colaboradores brasileiros consideram que as empresas precisam melhorar suas ações de política mental.
Os problemas psíquicos no trabalho já se mostram preocupantes muito antes da pandemia. Conforme a Previdência Social, em 2017, episódios depressivos geraram 43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais afastamentos. Já doenças classificadas como outros transtornos ansiosos também estão entre as que mais afastaram, na 15ª posição, com 28,9 mil casos.
Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que no primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. Em maio de 2013, a Organização Mundial da Saúde adotou o Plano de Ação Integral de Saúde Mental 2013-2020, em uma assembleia composta pelos Ministros da Saúde dos Estados-Membros da organização. Em 2019, o plano foi prorrogado até 2030 e tem o potencial de mudar a direção da saúde mental de forma global.
Diante desses dados, a necessidade de dar mais atenção ao tema se torna fundamental. Muito mais do que números, esses efeitos se refletem em colaboradores desmotivados e pouco produtivos, desta forma, provocam danos nos resultados das empresas e na sustentabilidade de talentos. Durante campanhas mundialmente conhecidas, como o setembro amarelo, empresas de diversos setores levam ações para dialogar, informar e desconstruir os tabus a respeito do tema, além de contribuir na divulgação de canais e meios de conseguir ajuda.
Recentemente, a startup Memori promoveu um evento online e gratuito sobre saúde emocional nas empresas. A ação foi articulada pela Elaine de Tomy, psicanalista, empresária e Vice-Presidente do Instituto Revoar. A palestrante levou pautas relacionadas ao trabalho, enfatizando a importância da prática de saúde emocional corporativa.
Para Elaine, promover um ambiente de trabalho saudável, na qual as pessoas se sintam acolhidas, é uma das formas de estimular a saúde mental dos colaboradores e, consequentemente, ajudar a aumentar a produtividade da equipe. “As empresas podem promover, por exemplo, rodas de conversas sobre o tema para os colaboradores. Dessa forma, essas pessoas se sentem cuidadas no ambiente de trabalho”, explica Elaine.
Tavinho Brígido, CEO da Memori, esclarece que considerar o impacto da saúde mental nos custos das empresas é crucial. “Um funcionário com problemas psíquicos, por exemplo, aumenta os índices de absenteísmo, influenciando na produtividade e na relação entre as equipes. Além disso, o profissional ainda precisará passar por uma mudança temporária em suas funções e atividades. Ou seja, deslocar um funcionário exige um investimento alto, já que precisará oferecer treinamentos e ajuda na adaptação." Torna-se, portanto, um diferencial estratégico refletir sobre as boas práticas e empregar novas políticas de qualidade de vida nas empresas.
Como trabalhar a saúde mental nas empresas?
Todos têm papel importante nas ações preventivas para evitar problemas de saúde mental. O esforço nas campanhas de conscientização e promoção do tema é algo que requer a realização de práticas planejadas e constantes. Existem algumas ações que podem ser implementadas nas empresas. São elas:
1. Orientar seus funcionários a fazer alguns intervalos
Direcionar os colaboradores a fazerem pequenas pausas no dia a dia evitam esgotamento mental. Os descansos são essenciais, por exemplo, para impedir a Síndrome de Burnout.
2. Criar ou participar de campanhas de conscientização
Durante todo o ano, empresas e toda a sociedade civil participaram de campanhas de saúde mental com o objetivo de promover a conscientização e promover o cuidado pela saúde mental. Ao abordar esse tema nas companhias, os colaboradores se transformam em agentes que levam informações cruciais sobre esse tema.
3. Investir em soluções tecnológicas
No meio de tantos contratempos, a telemedicina se tornou uma ferramenta a favor da prevenção, facilitando o acesso a terapias e garantindo o acompanhamento psicológico de milhões de colaboradores ao redor do mundo. Soluções virtuais, acessíveis e de qualidade funcionam de maneira muito eficaz, além de servirem de alternativa àqueles que estavam antes impossibilitados de receber qualquer tipo de atenção à saúde.
Com o uso das teleconsultas as empresas conseguem otimizar o tempo. A agilidade nos atendimentos oferecidos pelas consultas online garante um menor afastamento do colaborador das atividades do trabalho. Além disso, por não exigir uma infraestrutura tão robusta, as consultas online e laudos costumam ter um custo menor, diminuindo assim uma série de despesas sem prejudicar o acesso a um serviço de qualidade.
4. Oferecer benefícios flexíveis
A flexibilização de benefícios oferece ao funcionário maior liberdade na hora de escolher com quais benefícios ele vai ser contemplado, além daqueles garantidos por lei. Na prática, oferecer um plano de benefícios flexíveis incentiva a participação e autonomia dos colaboradores, contribuindo também com indicadores-chave de gestão de pessoas, como a diminuição do turnover e retenção de talentos.