A síndrome de Burnout, reconhecida como um dos grandes problemas relativos ao trabalho na atualidade, como o excesso de demandas, prazos curtos e competitividade entre os colaboradores, passou a ser considerada uma doença em 2019 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), e foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) em janeiro de 2022.
A síndrome de Burnout apresenta sintomas como tensão, ansiedade, fadiga e esgotamento físico e mental, acompanhados de sobrecarga emocional, que não devem ser eliminados ou encobertos por medicações, pois são um alerta de algo muito maior.
As pressões e exigências corporativas contemporâneas levam o funcionário a entender que o seu valor na empresa está diretamente ligado à produtividade, para se consumir em tarefas, até a exaustão física e mental. Muitas vezes, mesmo sem ter clareza dos objetivos ou resultados a que almeja chegar, as pessoas consomem-se em milhões de tarefas que parecem aliviá-las de uma pressão, ou de um excesso psíquico que não conseguem explicar. A vida passa a se resumir ao trabalho, tornando-se uma espécie de compulsão, e onde os prazeres básicos como lazer, repouso, relacionamentos e família são privados.
A obra, assinada por Gisela Turchetti, é baseada em sua tese de mestrado (defendida na PUC/SP, em março de 2021), na qual a filosofia e a psicanálise buscam fomentar reflexões sobre aspectos da vida profissional, trafegando por temas que vão das aflições contemporâneas às condições psíquicas individuais
Apoiando-se no pensamento e nas teorias de Winnicott sobre a natureza humana, a autora reforça a importância do ambiente na construção e sustentação do que o ser humano é, onde as falhas trazem adoecimentos, desorganização, angústia e a perda do contato do sujeito com seu Eu (self). A angústia e a confusão têm origem, então, no não reconhecimento das próprias necessidades e no desconhecimento dos desejos.
“Este livro nasceu de um questionamento pessoal, sobre o que poderia ser mais importante do que respeitar as demandas internas e os próprios limites", esclarece a autora.
"O que levaria a tamanha alienação de si? Qual é a dor subjetiva que tem de ser anestesiada pela compulsão, até se desenvolver a "síndrome de Burnout”, questiona Gisela. questiona Gisela.
“No trabalho clínico que venho realizando em psicanálise, tenho recebido pacientes excessivamente ocupados com inúmeras atividades laborais e que se encontram em estado de exaustão física e mental", diz ela.
A especialista prossegue: "A manifestação comum a todos, que aparece nos relatos e pedidos de ajuda, diz respeito à falta de sentido em suas vidas, descritas como tediosas, ainda que alcancem sucesso em seus campos de trabalho".
Segundo ela, em alguns casos, há ainda a tendência de agir compulsivamente, iniciando várias atividades ao mesmo tempo e certa dificuldade em finalizá-las, restando um sentimento de vazio. "Ao mesmo tempo, observo nesses pacientes um profundo desconhecimento de seu próprio estado psíquico, que em geral é manifestado em crises de angústia”, completa Turchetti.
O livro “Angústia e trabalho, uma relação delicada: Uma jornada psicanalítica da angústia ao Burnout” será lançado em 25 de novembro de 2022 (sexta-feira), a partir das 19h, na Livraria da Vila, no Shopping Eldorado (Av. Rebouças, 3970 - Piso 1 - Pinheiros, São Paulo/SP). A publicação estará à venda no site da editora Via Lettera, (www.vialettera.com.br) e pela Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br).