Era uma vez uma mesa de madeira com tampo danificado. O Museu do Senado insistiu para que a peça fosse restaurada e fez até parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB) para ter uma oficina com espaço suficiente para realizar o trabalho. Toda essa história aconteceu porque a mesa é assinada por, ninguém menos, que o designer Sergio Rodrigues.
O criador da icônica poltrona Mole estabeleceu um marco na linha do tempo do design. Em 1958, ele foi convidado para elaborar uma série de peças para o Congresso, durante a construção do prédio em Brasília. Atualmente a maioria dessas peças estão em residências oficiais e gabinetes.
A parceria para restauração proporcionou a troca de conhecimentos da equipe do Senado com os professores da escola de design de móveis do IFB. Antonio Randall, mestre artesão e restaurador do Museu do Senado, aprovou a experiência.
— Foi uma parceria muito boa, com troca de conhecimento de ambas as partes. Acho que deveria continuar, já que foi tão enriquecedora para os dois lados — argumenta.
Para a restauração, a mesa foi levada a um campus do IFB de Samambaia. O tampo, composto por aglomerado de madeira e coberto por um laminado de jacarandá da Bahia, estava com muitas bolhas. O trabalho precisava ser minucioso para preservar a originalidade da peça.
— O jacarandá é uma madeira muito bonita e, para mim, uma das mais nobres do Brasil. Hoje já não a encontramos mais, então usamos um pau ferro que dá a mesma aparência. Sergio adorava usar em seus móveis madeiras nobres — explica Randall.
O aglomerado era muito comum na época, mas já não é mais usado. Para manter a estética e a história da mesa, optaram por mantê-lo e aplicaram nele uma selagem para evitar que se soltasse. Depois, o novo laminado foi colado e o serviço foi concluído com muitas demãos de verniz, inclusive de um tipo mais resistente, chamado de P1. Ao fim das cerca de 11 etapas de restauração, a mesa voltou para o apartamento funcional do senador Carlos Fávaro (PSD-MT).
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