Uma tatuagem cujos traços estão apagados, um desenho ou frase que traz arrependimentos mas segue impregnado na pele. São variadas as razões pelas quais as pessoas decidem remover uma tatuagem. Apesar de exigir um processo mais longo do que a pintura, a remoção tem ganhado mais opções de técnicas e uma delas é o laser Nd:YAG.
A remoção de tatuagem com uso de laser por si só já é uma evolução de métodos como dermoabrasão ou cirurgia de retirada de pele, sendo que estas últimas têm mais chances de deixar cicatrizes. O laser penetra na derme, alcançando a camada onde estão localizados os pigmentos de tinta, e a onda de luz “quebra” as partículas.
No caso específico do Nd:YAG, que na tradução para o português significa cristal de ítrio alumínio dopado com neodímio, trata-se de um laser que remove o pigmento preto e pigmentos quentes, como vermelho. “O laser fragmenta o pigmento da tatuagem sem causar danos ao tecido adjacente induzindo processos inflamatórios que por sua vez vão absorver esse pigmento por meio de fagociotose”, afirma Giancarlo Pincelli, biomédico esteta e CEO da Hell Tattoo.
O modelo é indicado para atender peles negras, sendo inclusive usado em estúdios de depilação a laser. Muitos lasers são agressivos a quem possui maior concentração de melanina por não diferenciarem o que é pelo e o que é pele. Um estudo sobre remoção de tatuagem a laser Nd:YAG em indivíduos com fototipos de pele IV-VI (peles mais escuras) obteve sucesso na retirada dos pigmentos e na redução de efeitos indesejados. Em artigo, publicado no Journal of Lasers in Medical Sciences, os pesquisadores ressaltam que a “adesão do paciente aos cuidados pré e pós-sessão e um intervalo adequado entre as sessões de laser são essenciais para evitar complicações indesejáveis”.
Seja qual for o método escolhido, o processo de despigmentação não é simples. O número de sessões necessárias varia de acordo com o tamanho da tatuagem e da quantidade de cores. Tatuagens coloridas possuem mais aditivos na composição e, por isso, são mais difíceis de serem removidas. Além disso, é preciso haver intervalos entre as sessões.
O CEO da Hell Tattoo afirma que o laser é um método seguro quando utilizado com cautela e por profissionais habilitados. “O profissional tem que ter a formação necessária para usar os equipamentos que são totalmente dependentes da ação humana”, diz. “O aparelho depende de um profissional para operá-lo e configurar as dosagens energéticas, conforme a necessidade de cada tratamento”, completa.
Por fim, o biomédico aponta que a segurança no uso também depende do cumprimento das regulamentações sanitárias dentro de cada estabelecimento que oferece o serviço. “Equipamentos têm que ser cadastrados nos órgãos reguladores Anvisa e Inmetro”, afirma.
Além disso, os aparelhos precisam passar por revisões periódicas. “Para garantir o perfeito funcionamento e estabilidade, as revisões têm que ser feitas semestralmente”, recomenda. Enfim, clínicas que realizam remoções de tatuagem precisam obter laudos a serem apresentados em momentos de inspeção sanitária.
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