O Brasil sediará pesquisa científica que tem por objetivo disponibilizar, mundialmente, tecnologia inédita para o tratamento de pacientes com câncer melanoma metastático. O acordo de cooperação e desenvolvimento foi assinado no dia 08 de março entre a empresa brasileira Techlife e a Universidade do Chile, representada pela Oncobiomed, spin-off responsável por transferir inovações na área de imunoterapia contra o câncer, desenvolvidas na instituição acadêmica chilena.
O presidente do São Lucas Cell Therapy Group, o médico Adelson Alves, recebeu, em São Paulo, Flavio Andres Salazar-Onfray, ex-ministro da Ciência e Tecnologia do Chile e atual vice-reitor da universidade para atualizar nova fase da parceria iniciada em 2018 e que agora avança para a etapa brasileira da pesquisa.
“A equipe de pesquisadores da Universidade do Chile deu início aos estudos da tecnologia, batizada de TAPCells® (Tumor Antigen-Presenting Cells), há cerca de 15 anos. Desde 2018, estamos apoiando os estudos em torno da nova terapia que agora poderá ser testada na fase 3 no Brasil, após autorização da Anvisa”, informa o presidente da Techlife.
No Chile, a TAP-Cell é aplicada de acordo com a legislação e regulamentação em vigor desde 2001 e já tratou mais de 300 pacientes. Os resultados clínicos registraram cerca de 60% de respostas imunológicas positivas, com progressão mais lenta da doença.
“Em alguns casos, foi observada regressão do tumor. Algo impensável sem o uso da TAP-Cell, que tem sido vislumbrada como uma luz aos pacientes metastáticos de melanoma”, afirma o médico Adelson Alves.
Tratamento autólogo
O grande avanço no tratamento do melanoma metastático através da TAP-Cell está na descoberta de processo científico que permite o uso das células do próprio paciente para combater a doença. De acordo com o diretor Científico e Técnico da Techlife, Dr. Elíseo Sekiya, a partir do isolamento dos monócitos, células encontradas no sangue coletado do paciente, manipulação em laboratório permitirá a criação de terapêutica imunoterapêutica.
De acordo com a equipe de pesquisadores da Techlife, a inovação da TAP-Cell está tanto na possibilidade de permitir o reconhecimento das células tumorais por parte do organismo doente, para que possam ser atacadas pelo sistema imune, quanto no uso de células do próprio paciente, evitando efeitos adversos associados à rejeição ao tratamento.
O avanço tecnológico também permitiu ampliar a sobrevida dos pacientes com melanoma metastático em estágio avançado, com sobrevida acima de cinco anos em mais de 30% dos casos.
A parceria com a Techlife tem o objetivo de desenvolver no Brasil a nova tecnologia para tratamento de pacientes com melanoma metastático, de acordo com o marco regulatório nacional para terapias avançadas. O acordo firmado com a Oncobiomed trará vantagens operacionais para o estudo, que será apoiado pelo IEP Hemomed, braço de pesquisa clínica do São Lucas Cell Therapy Group, conforme informa o presidente da empresa.
“A partir da formalização do acordo de transferência tecnológica, iniciaremos o chamado estudo de reprodutibilidade que seguirá ao longo deste ano. Em seguida, sob supervisão e aprovação regulatória da Anvisa, serão realizados os testes em pacientes, o que representa a fase 3 das pesquisas clínicas para novos tratamentos”, o médico Adelson Alves.
Epidemiologia
Dados do Global Center Observatory (Globocan) de 2018 indicavam 7,4 mil mil novos casos ao ano de melanoma no Brasil. Desses, 2,1 mil evoluíram ao óbito e, segundo Sekiya, é natural associar as mortes a pacientes do estádio IV do tumor, quando há quadro metastático.
Ainda de acordo com o estudo da Globocan, em números absolutos, os Estados Unidos lideram a incidência da doença; com mais de 71,4 mil novos casos previstos, ou 24% do total), seguidos pela Alemanha, com 31,4 mil casos (10,9% do total) e do Reino Unido, com 17,8 novos casos (6,2% do total).
O Brasil, com os 7,4 mil citados na pesquisa, representa 2,87% da incidência global da neoplasia, estimada em quase 300 mil novos casos ao ano em todo o mundo. “Após a aprovação final da pesquisa no Brasil e o registro na Anvisa, investiremos em nova planta produtiva para atender a demanda por tratamento dos pacientes metastáticos de melanoma. Quando criamos a Techlife, vislumbramos atuar na medicina celular com foco nas pesquisas voltadas ao combate do câncer. Chegou o momento de colocarmos em prática a missão à qual nos destinamos”, diz o presidente da Techlife.
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