Os trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) iniciaram na segunda-feira, 10, o curso de ‘Emergências Psiquiátricas’. O primeiro módulo continua nesta terça-feira, 11, até às 18 horas, com o tema ‘Abordagem inicial ao paciente psiquiátrico', no auditório da sede do próprio órgão. Ministrado pelos enfermeiros emergencistas do Samu, Karlla Luz e Mauro Maués, a abertura contou com as palestrantes convidadas do Núcleo de Atendimento à Pessoa em Situação de Violência (Nuave) do Hospital Geral de Palmas (HGP), psicóloga Raphaella Pizani e a enfermeira Fabiana Daronch. O treinamento poderá ser estendido para toda Rede Municipal de Saúde.
A capacitação é uma iniciativa do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) em parceria com a Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp) e foi aberta com uma dinâmica de grupo, em que a coordenadora de projetos do NEU, Claudete Nascimento, solicitou aos cursistas que observassem os detalhes dos colegas. “Essa dinâmica é para que a gente consiga olhar além do que os olhos físicos veem e tentar ver com olhos empáticos. É um exercício de empatia para se atentar aos detalhes do que está à nossa volta, porque o atendimento psiquiátrico pode acontecer com qualquer um, independente de saúde mental ou não. Um mau dia, uma perda de emprego, um problema familiar, podem levar a pessoa ao desespero”, enfatizou.
“Qualquer um de nós pode adoecer a qualquer momento. São pessoas como eu e você que se sobrecarregam, acabam desorganizando psiquicamente e tem um evento de surto. É um momento que eu desisto de viver por uma crise, por um momento que não está sendo bacana e aí precisamos de ajuda e a psicofobia faz com que essas pessoas não consigam amparo”, explicou a psicóloga do Nuave, Raphaella Pizani.
Somente em 2021, 60% dos atendimentos do Samu foram de emergências psiquiátricas. O médico coordenador-geral do Samu, Júlio Giancursi, observa que o atendimento ao paciente psiquiátrico na Capital vem aumentando nos últimos anos. “Desde 2015 quando entrei no Samu, a gente observa um fluxo cada vez maior de pacientes psiquiátricos. Não é uma coisa de agora não, a pandemia pode ter agravado pelo fato de ficar confinado em casa, o medo de adoecer e morrer, isso pode ter contribuído. Mas é uma demanda crescente, então temos que treinar as equipes sobre como abordar da melhor maneira possível, se preparar para receber esse paciente”, destacou.
Capacitação
“Todos os dias temos atendimento de emergências psiquiátricas aqui no Samu, mas a maior parte dos atendimentos que vou tem envolvimento com álcool, droga e surto psicótico. Tem ocorrência mais tranquila em que o paciente aceita bem o atendimento e a gente consegue conduzir bem, outros rejeitam, são mais agressivos, e acabamos precisando de apoio da polícia, fazer algum tipo de contenção física, química, a depender da situação. O curso ajuda a memorizar todas as etapas na hora de colocar em prática, porque são muitos detalhes”, disse a técnica em enfermagem, Rosângela Diniz.
De acordo com o enfermeiro emergencista do Samu, Mauro Maués, um dos objetivos do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) é ampliar a capacitação para toda a Rede Municipal de Saúde. "Além do Samu, a ideia é fazer este treinamento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), na Atenção Básica, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), na gestão, e com isso termos várias visões de atendimento ao paciente psiquiátrico. A gente precisa discutir para quebrar o atendimento com abordagem estigmatizada a este paciente, dando etapas, sequências mais humanizadas, mantendo a equipe em segurança, obviamente, mas até mesmo o uso da contenção, quando necessário, tem uma técnica adequada”, pontuou Maués.
Intento suicida
O curso é dividido em duas etapas, sendo que a segunda parte a ser realizada nos dias 8 e 9 de maio será o Módulo II: abordagem ao paciente com intento suicida. Segundo a psicóloga Raphaella Pizani, o número de demandas é alto. “No HGP atendemos em torno de dez pacientes por semana, não só psiquiátricos, mas os de violências também, já que pacientes com intento suicida, apesar da alteração psíquica, não é considerado psiquiátrico, mas sim como violência autoprovocada. A gente tem uma rede que vem tentando se fortalecer para conseguir estabelecer uma melhor assistência e maior resolutividade para tentar salvar essas pessoas no sentido delas não tentarem chegar às vias de fato”, disse a psicóloga.
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