Saúde CAPACITAÇÃO
Em Palmas, servidores do Samu iniciam treinamento em Emergências Psiquiátricas
O treinamento poderá ser estendido para toda Rede Municipal de Saúde.
11/04/2023 14h06
Por: Alessandro Ferreira Fonte: Redação | Agência Tocantins
Treinamento acontece no auditório do Samu - Foto: Regiane Rocha / Secom

Os trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) iniciaram na segunda-feira, 10, o curso de ‘Emergências Psiquiátricas’. O primeiro módulo continua nesta terça-feira, 11, até às 18 horas, com o tema ‘Abordagem inicial ao paciente psiquiátrico', no auditório da sede do próprio órgão. Ministrado pelos enfermeiros emergencistas do Samu, Karlla Luz e Mauro Maués, a abertura contou com as palestrantes convidadas do Núcleo de Atendimento à Pessoa em Situação de Violência (Nuave) do Hospital Geral de Palmas (HGP), psicóloga Raphaella Pizani e a enfermeira Fabiana Daronch. O treinamento poderá ser estendido para toda Rede Municipal de Saúde.

A capacitação é uma iniciativa do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) em parceria com a Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp) e foi aberta com uma dinâmica de grupo, em que a coordenadora de projetos do NEU, Claudete Nascimento, solicitou aos cursistas que observassem os detalhes dos colegas. “Essa dinâmica é para que a gente consiga olhar além do que os olhos físicos veem e tentar ver com olhos empáticos. É um exercício de empatia para se atentar aos detalhes do que está à nossa volta, porque o atendimento psiquiátrico pode acontecer com qualquer um, independente de saúde mental ou não. Um mau dia, uma perda de emprego, um problema familiar, podem levar a pessoa ao desespero”, enfatizou.

“Qualquer um de nós pode adoecer a qualquer momento. São pessoas como eu e você que se sobrecarregam, acabam desorganizando psiquicamente e tem um evento de surto. É um momento que eu desisto de viver por uma crise, por um momento que não está sendo bacana e aí precisamos de ajuda e a psicofobia faz com que essas pessoas não consigam amparo”, explicou a psicóloga do Nuave, Raphaella Pizani. 

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Somente em 2021, 60% dos atendimentos do Samu foram de emergências psiquiátricas. O médico coordenador-geral do Samu, Júlio Giancursi, observa que o atendimento ao paciente psiquiátrico na Capital vem aumentando nos últimos anos. “Desde 2015 quando entrei no Samu, a gente observa um fluxo cada vez maior de pacientes psiquiátricos. Não é uma coisa de agora não, a pandemia pode ter agravado pelo fato de ficar confinado em casa, o medo de adoecer e morrer, isso pode ter contribuído. Mas é uma demanda crescente, então temos que treinar as equipes sobre como abordar da melhor maneira possível, se preparar para receber esse paciente”, destacou.

Capacitação

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“Todos os dias temos atendimento de emergências psiquiátricas aqui no Samu, mas a maior parte dos atendimentos que vou tem envolvimento com álcool, droga e surto psicótico. Tem ocorrência mais tranquila em que o paciente aceita bem o atendimento e a gente consegue conduzir bem, outros rejeitam, são mais agressivos, e acabamos precisando de apoio da polícia, fazer algum tipo de contenção física, química, a depender da situação. O curso ajuda a memorizar todas as etapas na hora de colocar em prática, porque são muitos detalhes”, disse a técnica em enfermagem, Rosângela Diniz.

 

De acordo com o enfermeiro emergencista do Samu, Mauro Maués, um dos objetivos do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) é ampliar a capacitação para toda a Rede Municipal de Saúde. "Além do Samu, a ideia é fazer este treinamento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), na Atenção Básica, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), na gestão, e com isso termos várias visões de atendimento ao paciente psiquiátrico. A gente precisa discutir para quebrar o atendimento com abordagem estigmatizada a este paciente, dando etapas, sequências mais humanizadas, mantendo a equipe em segurança, obviamente, mas até mesmo o uso da contenção, quando necessário, tem uma técnica adequada”, pontuou Maués. 

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Intento suicida

O curso é dividido em duas etapas, sendo que a segunda parte a ser realizada nos dias 8 e 9 de maio será o Módulo II: abordagem ao paciente com intento suicida. Segundo a psicóloga Raphaella Pizani, o número de demandas é alto. “No HGP atendemos em torno de dez pacientes por semana, não só psiquiátricos, mas os de violências também, já que pacientes com intento suicida, apesar da alteração psíquica, não é considerado psiquiátrico, mas sim como violência autoprovocada. A gente tem uma rede que vem tentando se fortalecer para conseguir estabelecer uma melhor assistência e maior resolutividade para tentar salvar essas pessoas no sentido delas não tentarem chegar às vias de fato”, disse a psicóloga.