A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (11), com 18 votos favoráveis e nenhum contrário, a indicação do diplomata Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega para o cargo de embaixador do Brasil na Índia e no Butão. Relatada pela senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), a indicação segue agora para apreciação em Plenário ( MSF 12/2023 ).
Em sua sabatina, Nóbrega sugeriu a adoção de estratégias e ações concretas em áreas prioritárias para aprofundar as relações entre Brasil e Índia, a exemplo dos setores do comércio, investimentos, energia, inovação e saúde, entre outros.
Nóbrega sugeriu ainda iniciativas mais pontuais para intensificar a promoção comercial entre Brasil e Índia por meio de métodos mais proativos de identificação de parceiros, sobretudo no campo da segurança energética, produção de automóveis e saúde, tendo em vista que os dois países possuem desafios comuns para o desenvolvimento econômico.
Na área de saúde, o diplomata destacou que o Brasil pode oferecer a experiência de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) para a Índia. O país asiático, por sua vez, poderia oferecer ao Brasil a transferência de tecnologia de produtos farmacêuticos inovadores, como antibióticos.
Ministro de primeira-classe, Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega nasceu no Rio de Janeiro em 1961 e formou-se em economia pela Pontifícia Universidade Católica, em 1984. Ao longo da vida diplomática, atuou como terceiro-secretário na embaixada do Peru, entre 1996 e 1998, e como segundo-secretário na embaixada da Polônia até 2002. Em Berlim foi primeiro-secretário na embaixada, de 2006 a 2008. Já nos Estados Unidos, o diplomata trabalhou como ministro-conselheiro no período entre 2015 e 2016. Atualmente, ele está à frente da Secretaria de Oriente Médio, Europa e África.
Apesar de enfrentar grandes desafios sociais e econômicos, a Índia contemporânea é caracterizada por intenso crescimento econômico e alto dinamismo científico-tecnológico. Com cerca de 500 milhões de habitantes abaixo dos 25 anos e crescente acesso da população à internet, o país apresenta elevado potencial para expansão dos fluxos de investimento e comércio, ressaltou Nóbrega.
A Índia enfrentou recessão econômica em razão da pandemia de covid-19, com queda de 6,6% do PIB no ano de 2020. Em 2021, porém, a economia indiana deu mostras de forte recuperação, com crescimentos de 8,9%. O FMI calculou em 6,8% o crescimento econômico da Índia em 2022. Para 2023, estima taxa de 6,1%. Em 2022, ano em que comemorou 75 anos de sua independência, a Índia tornou-se a quinta maior economia mundial em termos nominais, tendo superado o Reino Unido. A economia indiana já é a terceira maior do mundo pelo critério de paridade do poder de compra.
O Butão é um pequeno país localizado entre a China, ao norte, e a Índia, ao sul. Sua extensão territorial é inferior à do estado do Espírito Santo, por exemplo. A população é de 876 mil butaneses e em 2022 o PIB gerado por eles foi de US$ 2,71 bilhões.
Em 2008 o país tornou-se uma monarquia constitucional, com partidos organizados e parlamentares das duas casas eleitos por voto direto. No mesmo ano, Jigme Khesar Namgyel Wangchuck foi coroado o quinto rei da dinastia Wangchuk, que detém o trono desde 1907.
Historicamente o Butão tem usado sua posição geográfica remota para limitar influências externas. O país mantém há mais de um século uma política de isolamento com o objetivo de preservar heranças culturais, como o budismo, seguido por 75,3% da população.
O comércio entre o Brasil e o país ainda está em fase inicial. Apesar disso, registrou recorde em 2022, com crescimento de 283% em comparação com 2021. Os US$ 2,3 milhões gerados pelas importações e exportações são provenientes, em grande parte, da venda de carne brasileira para o reino butanês. Os produtos mais vendidos pelo Butão para o Estado brasileiro são aparelhos elétricos para ligação, proteção ou conexão de circuitos.
Em maio de 2022, o Butão solicitou ao Brasil cooperação técnica em formação profissional. O país busca suprir déficit de mão de obra qualificada em setores básicos da economia. Em setembro cinco integrantes do Ministério do Trabalho e Recursos Humanos do Butão visitaram o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e outras instituições brasileiras. Os dois países negociam medidas para aumentar a cooperação.
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