Os senadores confirmaram no Plenário, nesta terça-feira (23), a indicação do diplomata Christian Vargas para ser embaixador do Brasil em Cuba ( MSF 21/2023 ). A indicação foi aprovada com 41 votos a favor, 4 contrários e 2 abstenções. A aprovação será comunicada à Presidência da República.
Ministro de primeira classe do Itamaraty, Christian Vargas tem 55 anos e já trabalhou nas embaixadas nos Estados Unidos e na Rússia, no Ministério de Minas e Energia e na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE), Christian Vargas disse que, a partir de 2016, as relações entre Brasil e Cuba “perderam impulso e passaram por um crescente esfriamento”, que teve como consequências a interrupção de cooperação técnica e perdas no comércio. Ele prometeu trabalhar pela normalização das relações bilaterais “voltando a desenvolver o pleno potencial da cooperação, do comércio, dos investimentos e dos intercâmbios de toda ordem”.
Na ocasião, ele registrou também que Cuba ainda deve cerca de US$ 1 bilhão ao Brasil. Porém, o governo cubano já sinalizou que quer equacionar essa dívida, segundo o diplomata. Em 31 de janeiro de 2023, o montante em atraso com o Brasil era da ordem de US$ 490 milhões. Já o saldo devedor, referente a parcelas vincendas até 2038, é de cerca de US$ 590 milhões.
Segundo o indicado disse à CRE, Cuba vem passando por modificações importantes após a sua última Constituição, com o texto constitucional referendado em 2019. Ele também citou a abertura para a iniciativa privada, com cerca de 6 mil empresas registradas naquele país. O turismo, bastante abalado durante a pandemia, continua sendo a principal fonte de recursos do país, acrescentou.
O relator da indicação foi o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A Ilha de Cuba, a principal do país, é a maior do arquipélago das Antilhas e está a 366 km dos Estados Unidos. É o segundo país mais populoso do Caribe depois do Haiti.
“Desde 1959, ano da revolução liderada por Fidel Castro, o país vive sob modelo econômico de viés socialista, que foi formalmente anunciado com a adesão de Cuba, em 1961, ao marxismo-leninismo. Trata-se de país multiétnico cujo povo, cultura e costumes derivam de diferentes origens e influências. Por conta da ascendência africana de parte expressiva da população, a cultura cubana possui muito em comum com a brasileira”, diz Randolfe no seu relatório, favorável à indicação.
Brasil e Cuba estabeleceram relações diplomáticas em 1906, ano em que foi criada a delegação brasileira em Havana. Em 1964, com o golpe militar no Brasil, as relações foram interrompidas e só foram restabelecidas com a redemocratização, em 1986, no governo de José Sarney.
Nos dois primeiros mandatos do presidente Lula (2003–2011), as relações entre os dois países se aprofundaram de maneira inédita, com vários projetos de cooperação técnica, incremento do comércio bilateral e participação brasileira em obras de infraestrutura na ilha, como a participação brasileira nas obras do Porto de Mariel e a presença de médicos cubanos no Programa Mais Médicos. As relações foram muito afetadas depois do impeachment de Dilma Rousseff, o que impactou o comércio bilateral, que caiu de US$ 620 milhões, em 2012, para US$ 182,5 milhões, em 2021.
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