A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (22) a indicação do diplomata Adriano Silva Pucci para chefiar a embaixada brasileira no Bahrein. A Mensagem (SF) 36/2023 , enviada pelo presidente da República, que foi relatada favoravelmente pelo senador Humberto Costa (PT-PE). Aprovada por 14 votos a favor e nenhum contrário, a indicação segue agora para votação no Plenário do Senado.
O diplomata destacou que pretende atuar para ampliar e diversificar a exportação brasileira ao Barhein, que consiste principalmente em minérios de ferro e bauxita. Para Pucci, o Brasil pode contribuir mais na economia do país, que tem se diversificado do petróleo desde os anos 60.
— A exportação [brasileira] ao Bahrein, embora concentrada em poucos produtos, se multiplicaram em sete vezes no intervalo de meros cinco anos, para hoje ostentarem o maior saldo comercial entre os países do golfo [pérsico] e o terceiro maior superávit comercial do Oriente Médio. Nada mais coerente, portanto, que a abertura futura do setor de promoção comercial da embaixada, meta que perseguirei com afinco — disse Adriano.
O indicado também citou oportunidades para o Brasil na compra de fertilizantes e óleo diesel, pois o país é exportador desses itens. A guerra na Ucrânia gerou alertas em especialistas pela possibilidade de falta desses recursos no Brasil.
O relator ad hoc da mensagem, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), testificou a experiência do sabatinado.
— Eu tive a oportunidade de trabalhar com o Adriano na embaixada do Brasil em Caracas [capital da Venezuela] em tempos difíceis, no início da ditadura bolivariana. Conheço a capacidade desse diplomata — disse Mourão.
Pucci apresentou como solução para a baixa variedade de produtos exportados a promoção de acordos bilaterais. Para isso, o diplomata mencionou articulações nesse sentido com o país do Oriente Médio, realizadas pelo governo Bolsonaro.
— Uma série de atos bilaterais nos últimos anos envolveram academias diplomáticas, Bancos Centrais, câmeras de comercio, além das searas da cultura, esporte... Por exemplo, o jiu jitsu abre campo inesgotável de oportunidades. A assinatura de um acordo para aumentar poder de penetração de empresas brasileiras no mercado de defesa bahreinita chegará em breve à essa Casa [para aprovação] — disse.
O indicado também mencionou plano de ação com prazo de cinco anos que está sendo negociado pelo governo Lula para fortalecer a parceria entre os países, incluindo apoio em organismos internacionais.
— Me empenharei no fortalecimento da parceria com base em plano de ação quinquenal que já está sendo negociado para dinamizar as ações conjuntas na área de educação, dupla tributação, turismo, facilitação de investimentos, agronegócio e apoio mutuo a candidatura nas ONU — afirmou Adriano, que lembrou do interesse de Bahrein de ser incluído em eventual bloco ampliado dos Brics.
O diplomata ainda vislumbra a efetivação de voos diretos entre Brasil e Manama, capital do Bahrein.
Pucci chegou a convidar os parlamentares a visitarem o país islâmico, lembrando que o Senado possui o grupo parlamentar Brasil-Bahrein. O grupo foi instituído pela Resolução 16/2022 e é presidido pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que esteve presente na sabatina.
O território bahreinita é formado por mais de 30 ilhas localizadas no Golfo Pérsico. O país do Oriente Médio se tornou independente do Reino Unido em 1971, mas só em 2002 passou a chamar-se Reino do Bahrein.
— Possui território 28 vezes menor que Sergipe. Atualmente é a economia mais livre do Oriente Médio, tendo o segmento financeiro assumido a dianteira nacional a um par de anos. Há tolerância religiosa, demonstrada pelo convívio lado a lado de sinagoga e mesquita. Poderei auxiliar e proteger diretamente até 250 nacionais brasileiros vivendo na chamada 'pérola do Golfo' — disse Pucci.
Segundo o diplomata, o Bahrein estáconstruindo cinco cidades inteiras em ilhas artificiais, que aumentará em 70% seu tamanho até o final da década.
O Brasil e o Bahrein iniciaram as relações diplomáticas em 1974, três anos após a independência do país asiático. Em 2021, a Embaixada do Brasil foi inaugurada, sendo a mais recente do Itamaraty.
Ministro de primeira-classe da carreira de diplomata, Adriano Silva Pucci nasceu em São Paulo, em 1968, e atualmente é diretor do Departamento de Administração do Itamaraty. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito de Curitiba em 1989. Depois disso, em 1994, terminou o mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), tendo ingressado no Instituto Rio Branco em 1992. Já serviu ao Brasil em representações diplomáticas no Vaticano, em Caracas, em Montevidéu e Madri, atuando também junto às Nações Unidas, em Nova York.
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