“Quando recebi o diagnóstico que precisaria fazer um transplante de córnea, a minha reação de início não foi tão legal! Fiquei um pouco triste, porque por conta da visão tive que trancar a faculdade. Mas um belo dia, enquanto eu estava em casa, o celular tocou e eu ouvi da médica que tinha uma córnea para ser transplantada a mim”. Esse é o relato da tocantinense Rosilene Bruna Dias, moradora do município de Paraíso do Tocantins, que teve a vida mudada para melhor, no começo deste ano, após receber um transplante de córnea, realizado no Hospital Geral de Palmas (HGP).
A história dela é idêntica a de outros 310 tocantinenses que foram atendidos pela Central Estadual de Transplante do Tocantins (Cetto), com um transplante de córneas no Estado. Neste ano, o Tocantins já captou 27 doações de córnea e 06 captações múltiplas de órgãos. “O ator de doar órgãos é de imensa gratidão aos pacientes que aguardam por um transplante e às famílias que doam têm sua dor ressignificada. Mas, claro que isso não será possível se essa informação, sobre o desejo de doar não for conversado com sua família. Eles precisam ser comunicados sobre o desejo do doador, pois eles que autorizam a doação”, destacou a coordenadora da Cetto, Suziane Vilela.
Setembro é o mês dedicado à conscientização e ao incentivo à doação de órgãos. O objetivo é destacar que a informação sobre o ato de doar órgãos pode salvar vidas, além de ser um pilar importante nesse processo e que precisa ser difundida. “A campanha setembro verde é uma forma de conscientização de profissionais de saúde, de órgãos públicos e toda a sociedade sobre doação de órgãos, desmistificar mitos e enfatizar a importância deste ato de amor, em que vidas são transformadas. E continuar a corrente do bem”, acrescentou Suziane.
Para que uma doação múltipla de órgãos ocorra, é preciso que seja diagnosticado morte encefálica. Em doadores vivos, é possível transplantar rins, parte do fígado e pulmões. Já em casos de doação de córneas, o doador precisa ser paciente que vieram a óbito por parada cardiorrespiratória. Em ambos os casos, a equipe especializada é acionada para conversar com a família, explicar como funciona o processo e o respeito ao corpo do doador, que inclusive, é devolvido de forma integra à família.
“Graças ao doador, que é muito importante, hoje tenho vivido uma vida mais leve, com a visão mais recuperada, consigo me maquiar, tenho a liberdade para estudar, para ter uma vida normal como as outras pessoas. Por isso, digo as pessoas: doem! Porque vale a pena você estar devolvendo qualidade de vida para outra pessoa. Doação de órgãos salva vidas”, comentou a paciente Rosilene Bruna Dias.
Transplante de córnea no SUS tocantinense
No Tocantins já foram realizados 310 transplantes de córneas, no Hospital Geral de Palmas (HGP) e atualmente há uma lista de espera de 174 pessoas à espera do referido procedimentos.
Para entrar na lista de espera do transplante, o cidadão deverá ser avaliado por um oftalmologista, vinculado ao Sistema único de Saúde (SUS) ou da rede privada que emite um laudo indicando a necessidade da realização do transplante. Em seguida, o paciente entra em contato com a Secretaria de Saúde do Município de origem, com o laudo médico, documentos pessoais, comprovante de endereço e cartão do SUS.
Após esse acionamento, a central de regulação do município realiza o agendamento do paciente no Ambulatório de Transplante de Córnea do HGP, para confirmar a necessidade do procedimento e a possibilidade de realização do mesmo, no Estado. O médico oftalmologista da equipe de transplante inscreve o paciente no Sistema informatizado de Gerenciamento do Sistema Nacional de Transplantes (SIG-SNT). O paciente recebe o comprovante da inscrição com o Registro Geral da Central de Transplantes (RGCT), que contém informações necessárias para a consulta de sua posição na lista, disponível no endereçohttps://snt.saude.gov.br.
A Central de Transplantes do Tocantins (Cetto) faz o gerenciamento da lista e informa à equipe transplantadora, da disponibilidade do tecido (córnea) e o nome do próximo receptor em espera. Ficam a cargo da Cetto todas as operações logísticas necessárias para que o tecido chegue à equipe que realizará o procedimento cirúrgico. Com o sucesso do procedimento, o paciente recebe o devido acompanhamento no Ambulatório de Transplantes de Córnea, conforme agendamento realizado pela própria equipe transplantadora.
Processo de captação
O Tocantins possui uma Central de Transplantes, credenciada pelo Ministério da Saúde (MS), que tem como principal função, a gestão de todos os processos que envolvem doação e transplante no Estado.
As equipes de profissionais da Cetto, da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), da Organização de Procura de Órgãos (OPO) e do Banco de Olhos Público do Tocantins (Boto) trabalham com afinco e contam com apoio de servidores da Secretaria da Segurança Pública (SSP), que atuam no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e da Polícia Militar do Tocantins (PM).
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