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Especialistas cobram recursos e política pública para controle populacional de cães e gatos
Participantes da audiência sobre a criação de uma política pública para o controle populacional de cães e gatos, realizada nessa quinta-feira (...
15/09/2023 09h35
Por: Alessandro Ferreira Fonte: Agência Câmara de Notícias
Delegado Matheus Laiola quer acelerar liberação de recursos - (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Participantes da audiência sobre a criação de uma política pública para o controle populacional de cães e gatos, realizada nessa quinta-feira (14) pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, defenderam que o próximo Plano Plurianual (PPA) garanta os recursos necessários para sua implementação.

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A criação dessa política recebeu quase 40 mil votos por meio do PPA participativo, uma iniciativa do governo federal que busca trazer a sociedade para a elaboração do texto. Na etapa inicial de consultas, há fóruns que desenham os 88 programas que existem no âmbito do plano.

A diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente, Vanessa Negrini, participou da audiência e lembrou que o manejo de cães e gatos foi a política pública mais votada no PPA participativo em 27 plenárias estaduais com participação de 34 mil pessoas. Segundo ela, um relatório com mais de mil páginas sobre o assunto já foi entregue à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

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Vanessa Negrini disse que o programa está pronto. "Agora a gente precisa trabalhar para a expansão orçamentária e garantir os recursos para já em 2024 a gente já ter esse orçamento para tirar do papel e começar a fazer o projeto piloto", disse Vanessa. Segundo ela, esse piloto pode alcançar 1 milhão de castrações em todo o Brasil.

De acordo com dados do IBGE citados pela diretora, existem, no Brasil, aproximadamente 54 milhões de cães e 19 milhões de gatos, que liberam aproximadamente 49 milhões de toneladas CO2 por ano.

Se não houver um plano nacional para esterilizar cães e gatos, até 2030, estimou, a população de cães e gatos chegará a 112 milhões de animais e a emissão será de 66 milhões de toneladas de CO2.

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Boas práticas
Um exemplo citado na audiência como política bem realizada ocorre no estado do Rio de Janeiro, onde há 65 clínicas conveniadas e 51 cidades abrangidas por um programa que permite o cadastramento pela internet e a marcação da castração de cães e gatos em clínicas privadas, além de quatro “castramóveis”.

Segundo a subsecretária de proteção e bem-estar animal do estado do Rio de Janeiro, Camila Costa, desde o início do programa, em dezembro de 2021, até agosto deste ano, foram castrados cerca de 333 mil cães e gatos.

Desde 2017, uma lei define critérios para a esterilização de animais, como o estudo das localidades com necessidade de atendimento em face de superpopulação ou quadro epidemiológico e a prioridade a atuação em locais de baixa renda (Lei 13.246/17).

A promotora Luciana Imaculada de Paula, no entanto, afirmou que falta ao texto uma abordagem sobre os elementos que devem fazer parte do manejo de cães e gatos. Segundo ela, os estados, apesar do esforço de normatizar essas questões, não vêm conseguindo, e menos de metade deles tem normas sobre manejo.

O Delegado Matheus Laiola (União-PR), um dos deputados que pediu a realização da audiência, disse que será preciso garantir recursos que viabilizem essas ações já no orçamento deste ano. “Temos que elaborar uma estratégia para o Executivo federal efetivamente colocar dinheiro, colocar orçamento, senão daqui a a seis meses a gente vai voltar aqui para falar de castração, daqui a um ano, dois anos, e nada resolvido.”

Segundo o deputado, o objetivo da reunião foi receber contribuições para melhorar a legislação em vigor, além de reunir grupos para pressionar por recursos federais para ajudar municípios no controle populacional de cães e gatos.