Educação EDUCAÇÃO NO ESTADO
Projeto de leitura do Colégio Estadual de Araguatins possibilita remissão de pena a estudantes privados de liberdade
O projeto do Colégio Estadual Osvaldo Franco desenvolve a leitura e a escrita dos estudantes, que além de ajudá-los no desempenho escolar oportuniza a remissão das penas dos estudantes encarcerados
23/02/2024 09h15
Por: Alessandro Ferreira Fonte: Gabriela Rossi/Governo do Tocantins
O projeto de leitura do Colégio Estadual Osvaldo Franco conquistou o 2º lugar do Prêmio Escola Que Transforma – Foto: Mauro Henrique/Governo do Tocantins

O “Projeto de leitura e remissão de pena: ler para libertar”, do Colégio Estadual Osvaldo Franco, de Araguatins, recebeu o 2º lugar do Prêmio Escola Que Transforma, na categoria “Educação de Jovens e Adultos/Parcial- II e III Segmentos e Educação em prisões - Esfera Estadual”.

A ação é desenvolvida nas turmas da educação prisional e traz o benefício da remissão de pena, por meio da leitura, a estudantes privados de liberdade. O projeto tem ainda como objetivo desenvolver e fortalecer as competências da leitura e da escrita no contexto das atividades de escolarização realizadas na unidade.

A ideia surgiu a partir de um diagnóstico feito pelos professores da unidade, que constataram uma grande dificuldade dos educandos na fluência da leitura e escrita. “Dentro do cárcere, observamos que, embora a maioria soubesse ler, o domínio sobre a língua escrita era muito precário, pois muitos deles estavam afastados da escola por muitos anos. Decidimos criar esse projeto de leitura para, além de fortalecer essa competência, ajudá-los a encontrar uma saída terapêutica para as questões que eles lidam aqui dentro”, contou a professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Fernanda Santos.

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O estudante Leonardo Alencar da Silva, de 21 anos, já está em liberdade e falou sobre os ganhos da iniciativa. “Comecei a participar do projeto, fazer redações e também ajudar várias pessoas lá dentro, mostrando que poderia ser bom para elas como foi para mim. Foi por meio da leitura que eu decidi que queria ser professor e passar para os alunos o mesmo que me foi passado”, relatou.

Estudante da EJA, Gilson Nascimento, de 26 anos, também já cumpriu sua pena e ressaltou que a leitura transformou a sua vida e a de muitos colegas que participaram do Ler para Libertar.

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“Esse projeto surgiu em um momento em que eu estava passando por grandes dificuldades, como ser privado da minha liberdade. Foram muitas mudanças: eu aprendi a me expressar melhor; conheci mais palavras e abri a minha mente; me inscrevi em um concurso público, e tenho vontade de cursar Direito. Daqui para frente eu espero conquistar meus objetivos”, contou.

Segundo a professora responsável pelo projeto, os resultados demonstram impacto extremamente positivo na vida dos estudantes privados de liberdade. “Dentro do ambiente da carceragem, a leitura tem o potencial de ressignificar vidas, de instrumentalizá-los para um exercício potente da cidadania, possibilitando uma reentrada no meio social, mais suave, funcional e sustentável, uma vez que um dos objetivos principais do instituto da pena é possibilitar uma ressocialização do indivíduo que praticou crime”, enfatizou Fernanda Santos.

Expansão

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A partir da aceitação do projeto e dos resultados obtidos no Colégio Estadual Osvaldo Franco, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) aderiu à iniciativa e resolveu implantar a iniciativa em todas as unidades carcerárias do Tocantins.

O policial Lúcio Alves, que também é professor e escritor, revela que o projeto tem sido muito bem acolhido.

“A leitura liberta e transforma o ser humano. Essa parceria da Seduc com a Seciju trouxe muitos benefícios, abriu um leque de conhecimento para os estudantes privados de liberdade, que ocupam seu tempo estudando livros e indo para a escola”, assegurou.

Prêmio

O Prêmio Escola que Transforma é uma ação do Programa de Fortalecimento da Escola (PROFE) e busca reconhecer, valorizar e divulgar as boas práticas realizadas nas unidades escolares estaduais e municipais de todo o território tocantinense.

Foram destinados R$ 2 milhões para as premiações dos 57 projetos selecionados de 1º a 3º lugar, em 19 categorias. As unidades escolares e os profissionais titulares dos projetos selecionados foram premiados conforme as categorias com valores entre R$ 30 mil e R$ 5 mil. Os estudantes protagonistas dos projetos também receberam prêmios de R$ 1 mil a R$ 500.