O refrão cantado pelas crianças na recepção aos integrantes da comitiva de indígenas xerente, que visitou o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) João e Maria, na manhã desta quarta-feira, 18, pedia a construção de uma ponte entre nós. E foi com esse espírito de integração que os pequenos vivenciaram uma amostra da cultura dessa etnia tocantinense, que veio da aldeia Salto, na cidade de Tocantínia, especialmente para a comemoração do Dia dos Povos Indígenas. A programação é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal da Educação (Semed), Universidade da Maturidade (UMA) e Secretaria Municipal da Educação de Tocantínia.
O professor Marcos Swuaté abriu a apresentação desejando bom dia na língua xerente e surpreendeu as crianças. Em português, ele apresentou os demais visitantes e salientou a importância da oportunidade de fazer este intercâmbio cultural. “É muito interessante que vocês visitem nossa aldeia também”, convidou.
O pequeno Asaf Santana deu as boas vindas em nome dos alunos do cmei e anunciou. “Hoje os povos indígenas vieram nos visitar. Vamos ouvir e aprender com eles”, disse ao microfone. Maria Cecília Milhomem ficou feliz em ver que havia crianças entre os visitantes. “É a primeira vez que estou vendo um indígena, com todas as suas roupas diferentes da nossa”, destacou.
A professora Elivanda Sibaka disse que preparou com carinho uma música tradicional passada de geração em geração. “É uma felicidade mostrar para todos um pouco da nossa cultura”. Ao som do maracá, ela puxou o cântico ancestral que embalou a dança de todos os visitantes presentes, encantando a turma de pequenos estudantes, que em silêncio prestava atenção a todos os movimentos.
A anciã Iraci Krukuané trouxe o neto Cereno Kran para o evento. Ela é estudante da UMA e liderança da aldeia e considera os convites para participar de eventos como uma oportunidade de mostrar a cultura do povo akwe. “Amanhã, quem for até a nossa aldeia irá comer paparuto, beiju e moqueada, e acompanhar as nossas tradições de corrida de toras, arco e flecha e cabo de guerra. Aqui, queremos mostrar um pouco como é nossa vida na aldeia”, disse.
A professora Núbia Brito, uma das organizadoras do evento, destaca que boa parte do aprendizado das crianças acontece por interação, e que o direito à convivência com culturas e pessoas diferentes foi o que motivou o convite. “Esse trabalho acontece durante todo o ano, mas aproveitamos o momento para trazer mais para perto e de forma concreta a realidade indígena”, disse.
Quem se dispôs pôde ainda participar da pintura corporal com tintas naturais feitas de urucum e jenipapo. Ao final das apresentações, foi servido um lanche coletivo composto por comidas típicas da culinária indígena.
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