Um novo olhar para a cultura e as tradições indígenas tem atraído o interesse dos viajantes para o etnoturismo. Pessoas como a empresária paulista Katharina Brazil, que no mês de março percorreu mais de 2 mil km até a Ilha do Bananal para acompanhar o Hetohoky, um dos rituais mais conhecidos do povo Karajá.
Assim como ela, há milhares de pessoas em busca de roteiros que promovam uma conexão com os povos originários e suas tradições. O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Turismo, tem atuado para levar às comunidades indígenas as condições necessárias ao desenvolvimento pleno desta atividade.
“O etnoturismo é um importante ativo no processo de reconhecimento e valorização histórica, social e econômica dos povos indígenas”, explica o secretário de Turismo Hercy Filho, ao enfatizar o compromisso do governador Wanderlei Barbosa com as etnias tocantinenses, inclusive criando a Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais.
Além de inventários e capacitações, a Secretaria de Turismo tem estimulado a parceria entre aldeias e operadoras de turismo e levado a cultura indígena para eventos nacionais, como a ABAV Expo 2023, realizada no Rio de Janeiro.
Povos do Tocantins
No Tocantins, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma população com cerca de 15 mil indígenas, distribuídos entre as etnias Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro (Cara Preta) e Pankararu.
Cada povo tem sua língua e tradições, sendo que alguns desses povos já vivem ou viveram experiências com o turismo.
É o caso dos Karajá da Ilha do Bananal, que atraem visitantes interessados em seus rituais e no artesanato. Eles formam o povo Iny (pronuncia-se inã), juntamente com os Karajá-Xambioá (ou apenas Xambioá)e Javaé, que também habitam a Ilha e recebem praticantes da pesca esportiva em seus lagos ricos em tucunarés e outras espécies apreciadas pelos esportistas.
Conhecidos comoos senhores do cerradoe por sua alegria genuína, o povo Krahô habita terra indígena situada na região de Itacajá e Goiatins. A Aldeia Manoel Alves já realizou parceria com operadora de turismo antes da pandemia e outras aldeias recebem visitantes esporádicos.
Assim como os Javaé, os Krahô-Kanela também buscam oportunidades para receber pescadores em sua terra, localizada em Lagoa da Confusão. Este povo alega descendência de duas etnias distintas, Krahô e Kanela, sofrendo um processo de dizimação e aculturamento. Hoje, este povo busca uma retomada dos conhecimentos tradicionais e de sua base cultural, incluindo a revitalização da língua materna.
Também com algumas experiências no etnoturismo, o povo Xerente - que se denomina Akwê (gente importante, indivíduo) vive na margem direita do rio Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, na Terra Indígena Xerente. Apesar da proximidade com a Capital, cerca de 80 km, este povo luta pela preservação de suas tradições e festas, destacando-se pelo artesanato com palhas e capim dourado.
O povo Apinajè, que se autodenomina Panhi, sobrevive da agricultura de subsistência, da caça, da coleta de babaçu e do artesanato. Sua terra abrange os municípios de Tocantinópolis, Maurilândia, Araguatins e Lagoa de São Bento, na região norte do Estado.
Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, que significa gente, pessoa, ser humano. Na região do Araguaia, são mais conhecidos como Cara Preta. Foram vítimas de um processo de dizimação e hoje vivem em pequenos grupos dispersos em aldeias Javaé e Karajá, além de um grupo isolado dentro do Parque Nacional do Araguaia (Ilha do Bananal).
Por fim, o grupo Pankararu existente no Tocantins está localizado nos municípios de Figueirópolis, no assentamento Vale Verde, e em Gurupi. São indígenas originários do sertão de Pernambuco, da aldeia Brejo dos Padres, e há cerca de 40 anos migraram para o antigo norte goiano, expulsos pela ação de posseiros, conquistando reconhecimento local.
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