O povoado Pequizeiro, localizado a 12 km de Axixá, na região do Bico do Papagaio, recebeu a primeira-dama do Estado e secretária extraordinária de Participações Sociais, Karynne Sotero, nesta quinta-feira, 11. A presença foi uma oportunidade de aproximação com as cerca de 70 quebradeiras das comunidades Pequizeiro, Lagoa de São Salvador, Bom Jesus, Alto do Zumbi, Santa Barbosa e São Miguel. Também permitiu um aprofundamento na cultura extrativista ligada ao processo da quebra do coco babaçu.
O encontro, solicitado pela primeira-dama, foi realizado ao ar livre, sob mangueiras da propriedade do pastor Edvânio Lemos, na qual as quebradeiras têm livre acesso às palmeiras de babaçu. A atividade é extrativista, o coco é colhido em sacos de fibra na mata, levado para as comunidades e transformado em diversos produtos como azeite, farinha, bolos, doces, biojoias, peças de artesanato, entre outros, sendo uma matéria-prima em que tudo se aproveita.
Estar em contato direto com as pessoas é, segundo a primeira-dama Karynne Sotero, uma das prioridades da gestão do governador Wanderlei Barbosa. “Nunca tivemos um governador tão próximo da população como este. Eu estou aqui hoje [quinta-feira, 11] para trazer o abraço dele e pra dizer que vocês não estão sozinhas. Vocês têm agora uma mulher, uma mãe que está aqui de coração aberto para ouvi-las. Esse é apenas nosso primeiro encontro, nele iniciamos um elo, eu e vocês”, declarou.
As mulheres recepcionaram a primeira-dama quebrando o coco e a convidaram para aprender o processo. O babaçu é a principal atividade econômica de subsistência das 250 famílias que vivem no povoado Pequizeiro. No Tocantins, a Lei Nº 1.959, de 14 de agosto de 2008, proíbe a derrubada e o uso predatório de suas palmeiras no estado, vedadas ainda, as práticas que possam prejudicar a produtividade ou a vida do babaçu.
A vice-coordenadora da Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), Rozeny Batista Alexandre, apresentou à primeira-dama a farinha do mesocarpo do babaçu processada e embalada. Ela relatou que, dos 23 núcleos que trabalham com derivados do babaçu, doze estão adequados para a produção da farinha de acordo com as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O produto final é uma farinha multiuso repleta de vitaminas e colágeno que pode facilmente ser utilizada na dieta alimentar dos tocantinenses.
Quebradeira desde os 6 anos de idade, Rozeny vive na comunidade Bom Jesus, localizada aos pés da Serra do Estrondo, município de Axixá do Tocantins. O ofício foi passado de mãe pra família, como é tradicional entre as quebradeiras. “O babaçu é tudo pra mim. Eu paguei meus estudos quebrando coco e hoje tenho minha casinha. Com ele se faz tudo, tira o leite, faz o sabão, tira o azeite, o mesocarpo, tem o carvão, a palha a gente fazia a casa pra morar, a esteira para dormir, e a porta da nossa casa também era feita da palha do babaçu”, afirmou.
A líder do povoado Pequizeiro, Maria Divina da Silva Carvalho, agradeceu a presença da primeira-dama na comunidade. “Há 15 anos eu tive a honra de receber uma primeira-dama aqui, com a dona Raimunda [Gomes da Silva, líder histórica das quebradeiras de coco do Tocantins falecida em 2018], e agora estamos recebendo a primeira-dama Karynne Sotero. Estamos muito felizes por ela ter se deslocado de Palmas até aqui para visitar a gente, ver de perto o nosso trabalho”, relatou.
Agrotins Alimenta quem Precisa
Aproveitando a visita, a primeira-dama entregou doações arrecadadas pela Secretaria Extraordinária de Participações Sociais (SEPS) na 24ª Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins), no mês de maio. O objetivo da campanha, que resultou na arrecadação de 130 toneladas de alimentos, foi receber doações que estão sendo direcionadas para instituições, associações e grupos vulneráveis como idosos, crianças, mulheres e comunidades tradicionais.
Quebradeiras de coco
São comunidades organizadas dos estados do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, lideradas por mulheres. Essas comunidades se organizam em torno da coleta do babaçu e lutam, principalmente, pelo direto à terra e ao acesso livre aos babaçuais. Os conhecimentos sobre o manejo dos babaçuais são passados de geração em geração. Além de realizar a coleta e a quebra do babaçu, muitas são agricultoras familiares e quilombolas.
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