A Polícia Civil do Tocantins, por meio da Divisão Especializada de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC - Palmas), deflagrou nesta quinta-feira, 10, a terceira fase da Operação Ghostbusters. A ação ocorreu nas cidades de São Paulo, Praia Grande, Araçatuba, Guarulhos e Ferraz de Vasconcelos, no Estado de São Paulo, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em golpes cibernéticos, especificamente no ataque conhecido como "Mão Fantasma".
O delegado Lucas Santana, responsável pela operação, explicou que o golpe consiste na instalação de ferramentas de gerenciamento remoto de celulares, aplicadas por criminosos sob o pretexto de "remover vírus" ou "reforçar a segurança digital". A fraude permite que os golpistas tenham controle total do dispositivo da vítima, resultando em furtos eletrônicos de grande escala.
De acordo com informações apuradas pela reportagem da Agência Tocantins, a operação cumpriu 18 mandados judiciais, expedidos por duas varas criminais de Palmas, sendo quatro de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão. Um dos mandados de prisão foi executado contra o investigado de iniciais V. C. P, de 20 anos, que foi detido e teve celulares, notebooks e outros dispositivos apreendidos. Outros dois suspeitos com mandados de prisão preventiva seguem foragidos, e as autoridades continuam as diligências para localizá-los.
Modus operandi do golpe
Segundo o delegado-chefe da DRCC - Palmas, os golpistas entram em contato com as vítimas se passando por funcionários de instituições financeiras, alegando que houve movimentações atípicas nas contas, como transferências suspeitas ou tentativas de invasão. Para resolver a suposta ameaça, indicam a instalação de um aplicativo que daria maior segurança ao dispositivo. Porém, ao instalar o aplicativo, a vítima concede acesso remoto ao criminoso, que realiza uma série de transações financeiras, como transferências, pagamentos, empréstimos e adiantamentos, subtraindo grandes quantias das contas sob os olhos da própria vítima.
Os falsos funcionários utilizam diversas estratégias para conferir credibilidade ao golpe, incluindo linguagem formal, gravações de centrais de atendimento e até a simulação de transferências para outros atendentes. Em alguns casos, eles chegam a mascarar o número de telefone, utilizando os mesmos números de contato das instituições financeiras.
Prejuízos ultrapassam R$ 100 mil
A operação Ghostbusters III é resultado de dois inquéritos instaurados no final de 2022, após seis vítimas, todas residentes de Palmas, terem suas contas bancárias invadidas por meio do golpe da "Mão Fantasma". Ao todo, o prejuízo financeiro das vítimas ultrapassa R$ 120 mil.
O nome da operação, "Ghostbusters" (Caça-Fantasmas), faz alusão ao modo de agir dos criminosos, que, ao travestirem-se de funcionários bancários, convencem as vítimas a entregar o controle de seus dispositivos eletrônicos, subtraindo valores consideráveis de forma discreta e eficaz, como autênticos "fantasmas".
Desdobramentos da operação
Além da DRCC - Palmas, a operação contou com o apoio de forças de segurança de São Paulo, envolvendo mais de 60 policiais civis. As ações incluíram o bloqueio e sequestro de valores obtidos de forma criminosa, diretamente em contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados. O detido será encaminhado para a Unidade Penal Local e posteriormente transferido para o sistema prisional tocantinense, onde aguardará à disposição da Justiça.
Os inquéritos policiais serão concluídos nos próximos dias e outras prisões podem ocorrer conforme o avanço das investigações.
(Reportagem: Alessandro Ferreira / Agência Tocantins)